- Folha de S. Paulo
Desta vez, o governo Temer escapou. Sensação de alívio no Palácio do Planalto. O mesmo não dá para dizer sobre o Congresso, principalmente Renan Calheiros. O presidente do Senado foi o alvo predileto dos protestos deste domingo.
O recado das ruas foi claro. Elas estão atentas aos movimentos de Brasília, inclusive os feitos na surdina, na calada da noite. Como os que desfiguraram o pacote anticorrupção, uma iniciativa popular adulterada pelos deputados. E que Renan tentou aprovar a toque de caixa.
A dúvida é se os protestos de ontem serão suficientes para acordar o Legislativo, que deu demonstrações claras de estar totalmente fora de sintonia com as ruas.
Mesmo depois da Lava Jato, a turma do Congresso continua tentando salvar a própria pele. Custe o que custar.
O presidente Temer torce para que pelo menos uma parte do Congresso tome juízo. Afinal, ele passou praticamente ileso nas manifestações de ontem.
Mas sua equipe sabe que o momento não é o mais propício para brincar com as ruas. Seus atores mostraram que estão dispostos a sair de casa, de novo.
O receio do Planalto é que, daqui a pouco, se os protestos ganharem fôlego, o governo vire o novo alvo. Afinal, como diria um assessor de Temer, "nem no pior dos nossos pesadelos imaginávamos que o ano terminaria tão ruim".
Daí que bateu uma baita ansiedade na equipe presidencial por medidas para tirar o país da recessão,
As pressões surgem diante da percepção de que a demora na decolagem da economia fragiliza a gestão Temer num momento de crises políticas. Ingredientes que, misturados, podem dar mais munição para quem vai para as ruas protestar contra tudo e todos.
Enfim, o risco é a ansiedade do mundo da política superar o bom senso e o Palácio do Planalto sair inventando medidas para salvar a própria pele e a dos ameaçados pela Lava Jato. Será o começo do fim.
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