O Globo
O mundo tem assistido, nos últimos dias, a
um verdadeiro assassinato de um país, uma nação, um povo e uma democracia. O
responsável é outro país, autocrata, chefiado por um aspirante a ditador, que
governa com mãos de ferro há mais de 20 anos, com interesses dos mais espúrios
existentes. Vladimir Putin invadiu a Ucrânia e vem destruindo o país, que levará décadas para se reconstruir
e gastará bilhões de dólares para isso; porém nada pagará as vidas perdidas.
Isso é incalculável.
Na mesma toada da invasão, Putin ameaçou
outros países que fazem fronteira com a Rússia e a Ucrânia, caso aderissem à
Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) ou interferissem na guerra.
Ele ameaça também cortar o fornecimento de gás para a União Europeia. Desde o
fim da Segunda Guerra Mundial, não se via uma escalada tão grande do perigo de
uma grande guerra, incluindo a possibilidade do uso de armas nucleares por
parte da Rússia.
A Ucrânia sofreu muito no século passado e vinha tentando se recuperar, após retomar sua independência em 1991, com o fim da União Soviética. O regime ditatorial soviético foi o responsável por duas grandes tragédias no país: o Holodomor matou de fome milhões de ucranianos entre 1932 e 1933. Em 1986, houve o acidente nuclear de Chernobyl — até hoje não se sabe ao certo o tamanho dos estragos ambientais e o número de vítimas. Após vivenciar tudo isso no século passado, o país vinha tentando se reerguer, mas sofre com o assédio de Putin desde 2014, quando houve a invasão da Crimeia, que segue até hoje sob o domínio russo.
Nós, do movimento Democracia sem
Fronteiras, desde 2019 chamamos a atenção para as graves ameaças que as
democracias vêm sofrendo no mundo. Diversos países retrocederam nas liberdades
individuais, religiosas, de imprensa e nos direitos humanos. A Rússia é uma das
grandes responsáveis por essas violações. As sanções aplicadas pelos outros
países, acertadamente, tentam resolver por via econômica e diplomática a
guerra. Acreditamos que elas deveriam se estender aos demais países que hoje
violam direitos.
Além da guerra na Ucrânia, temos conflitos
na Síria, no Iêmen, no Iraque, no Afeganistão, na Nigéria e em diversas outras
partes do mundo. São centenas de milhares de vidas perdidas nesses conflitos,
milhões que deixam suas casas para fugir de bombardeios. Sem contar os outros
milhões que vivem sob os regimes autoritários. Diante de tudo isso, nos
perguntamos: nossas democracias estão em perigo? Estamos seguros? Parece que
não. Um conflito dessa magnitude no coração do “mundo civilizado” (Europa) era
imaginado?
Devemos ficar vigilantes contra as
violações à democracia, às liberdades de imprensa e religiosa e aos direitos
humanos e contra o perigo de guerras. Nosso movimento busca chamar a atenção do
Brasil e do mundo para isso com ações constantes.
*Presidente do movimento
Democracia sem Fronteiras
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