DEU EM O JORNAL DA CIDADE – PINDAMONHANGABA/SP
Ainda às voltas com o trem-bala.
Encerra-se o ano e, seguindo a tradição dos grandes projetos da administração pública brasileira, e até mesmos com alguns médios e pequenos, de concreto e objetivo, pouco aconteceu com o trem-bala.
Passados alguns momentos de debates e efeitos pirotecnicos e midiáticos, continuamos sem saber qual a tecnologia a ser utilizada, qual o traçado mais provável da linha, onde serão as estações intermediárias e quais os parâmetros dos valores das passagens, dentre outros importantes componentes definidores do projeto.
Descontadas as manipulações para fins eleitorais, fica mais que transparente que a estratégia adotada para a contratação da obra foi tecnicamente e conceitualmente equivocada, causando os impasses e distorções que causou e abrindo possibilidades para desvios e problemas futuros.
Deixar em aberto em licitações dessa magnitude “detalhes” como traçado dos trilhos, localização das estações e oficinas e critérios de financiamento e remuneração dos investimentos é procurar, com a certeza de encontrar, enormes problemas. Tanto é que a licitação teve que ser adiada, sintomaticamente logo após as eleições, com explicações nada esclarecedoras dos gestores do processo.
Assim como todas as obras de engenharia, até mesmo as mais singelas, não basta ter a idéia ou mesmo os estudos preliminares, há que se ter projetos e conhecer profundamente seus componentes econômico-financeiros. Dá mais trabalho, mas garante um melhor patamar de controle pelo contratante e fornece melhores condições para as empresas interessadas em construir e explorar o empreendimento prepararem as suas propostas.
Esse tipo de postura dos órgãos públicos, dirigentes políticos à frente, de desprezo pela correção e profundidade técnica dos projetos, é uma das principais causas dos elevados custos das obras públicas, do chamado “custo Brasil” e das brechas para a instalação da corrupção.
Observando essa situação logo vem a mente os velhos conhecidos coronelismo e patrimonialismo da política brasileira, com algum personagem revestido da mais alta “otoridade” bradando aos seus subordinados ordens e mais ordens. Como numa antiga fazenda de café: cortem aquela mata; abram uma estrada aqui; não tem dinheiro? Faço uma hipoteca, assino uma promissória; não gostou? Está demitido; a fazenda faliu? O nosso governo salva...
Estão por aí inúmeros exemplos de obras desse tipo, geralmente não realizadas e quando realizadas mal feitas, inacabadas, mais caras e com problemas, faça a sua lista.
Como sempre, a arte é mais direta, mais ferina e mais sintética que a própria vida: o prefeito Odorico Paraguaçu morreu e não conseguiu inaugurar o cemitério de Sucupira. Lula deixa o governo sem fazer a licitação do trem-bala, quem sabe Dilma o faça.
Urbano Patto é Arquiteto Urbanista, Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional e membro do Conselho de Ética do Partido Popular Socialista - PPS - do Estado de São Paulo. Críticas e sugestões: urbanopatto@hotmail.com
Ainda às voltas com o trem-bala.
Encerra-se o ano e, seguindo a tradição dos grandes projetos da administração pública brasileira, e até mesmos com alguns médios e pequenos, de concreto e objetivo, pouco aconteceu com o trem-bala.
Passados alguns momentos de debates e efeitos pirotecnicos e midiáticos, continuamos sem saber qual a tecnologia a ser utilizada, qual o traçado mais provável da linha, onde serão as estações intermediárias e quais os parâmetros dos valores das passagens, dentre outros importantes componentes definidores do projeto.
Descontadas as manipulações para fins eleitorais, fica mais que transparente que a estratégia adotada para a contratação da obra foi tecnicamente e conceitualmente equivocada, causando os impasses e distorções que causou e abrindo possibilidades para desvios e problemas futuros.
Deixar em aberto em licitações dessa magnitude “detalhes” como traçado dos trilhos, localização das estações e oficinas e critérios de financiamento e remuneração dos investimentos é procurar, com a certeza de encontrar, enormes problemas. Tanto é que a licitação teve que ser adiada, sintomaticamente logo após as eleições, com explicações nada esclarecedoras dos gestores do processo.
Assim como todas as obras de engenharia, até mesmo as mais singelas, não basta ter a idéia ou mesmo os estudos preliminares, há que se ter projetos e conhecer profundamente seus componentes econômico-financeiros. Dá mais trabalho, mas garante um melhor patamar de controle pelo contratante e fornece melhores condições para as empresas interessadas em construir e explorar o empreendimento prepararem as suas propostas.
Esse tipo de postura dos órgãos públicos, dirigentes políticos à frente, de desprezo pela correção e profundidade técnica dos projetos, é uma das principais causas dos elevados custos das obras públicas, do chamado “custo Brasil” e das brechas para a instalação da corrupção.
Observando essa situação logo vem a mente os velhos conhecidos coronelismo e patrimonialismo da política brasileira, com algum personagem revestido da mais alta “otoridade” bradando aos seus subordinados ordens e mais ordens. Como numa antiga fazenda de café: cortem aquela mata; abram uma estrada aqui; não tem dinheiro? Faço uma hipoteca, assino uma promissória; não gostou? Está demitido; a fazenda faliu? O nosso governo salva...
Estão por aí inúmeros exemplos de obras desse tipo, geralmente não realizadas e quando realizadas mal feitas, inacabadas, mais caras e com problemas, faça a sua lista.
Como sempre, a arte é mais direta, mais ferina e mais sintética que a própria vida: o prefeito Odorico Paraguaçu morreu e não conseguiu inaugurar o cemitério de Sucupira. Lula deixa o governo sem fazer a licitação do trem-bala, quem sabe Dilma o faça.
Urbano Patto é Arquiteto Urbanista, Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional e membro do Conselho de Ética do Partido Popular Socialista - PPS - do Estado de São Paulo. Críticas e sugestões: urbanopatto@hotmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário