DEU EM O GLOBO
Após definição do Ministério, aliados agora negociam cargos do segundo escalão
Gerson Camarotti e Maria Lima
Com a conclusão da equipe ministerial da presidente eleita, Dilma Rousseff, começou a guerra pelo segundo escalão. O alvo principal agora inclui as presidências e diretorias de estatais, as "joias da coroa". Ontem pela manhã, os dois últimos nomes do Ministério foram anunciados: Afonso Florence (PT-BA) para o Desenvolvimento Agrário (MDA), e a deputada Iriny Lopes (PT-ES), da tendência Articulação de Esquerda, que vai ocupar a Secretaria de Políticas para as Mulheres.
Em reunião que varou a noite, Dilma aceitou nomes levados pelo presidente do PT, José Eduardo Dutra, para duas pastas que faltavam. A Democracia Socialista emplacou Florence.
Partidos aliados, insatisfeitos com o espaço no 1º escalão, esperam compensação em cargos de empresas como Petrobras e Eletrobras, além de em bancos públicos. Essa movimentação de PMDB, PSC, PR, PTB e até PSB já preocupa Dilma. Ela decidiu congelar as negociações para as estatais até fevereiro, para evitar mais insatisfação e não contaminar a disputa pelas presidências de Câmara e Senado.
Aliados como PMDB começam a articular pleitos para as estatais. Com abaixo-assinado da bancada do PMDB de Minas, os mineiros indicam o deputado derrotado Marcos Lima à direção de Furnas. A bancada avisou que não aceita a indicação para o cargo do senador Hélio Costa (PMDB-MG), também derrotado nas urnas na disputa pelo governo mineiro. Dilma, porém, já avisou que varrerá de Furnas qualquer influência de grupos do PMDB como o de Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Essa não é a única reivindicação do PMDB. O diretório de Goiás trabalha pela indicação do ex-prefeito Íris Rezende, também derrotado ao governo estadual, para uma diretoria do Banco do Brasil ou vice-presidência da Caixa Econômica Federal, na vaga deixada por Moreira Franco.
Petrobras continua nas mãos do PT
Dilma quer vacinar estatais consideradas estratégicas, sobretudo da área energética, como a Petrobras, que continuará com o PT. Ela sinalizou que manterá no comando José Sérgio Gabrielli. A Democracia Socialista já pediu a permanência do ex-deputado Miguel Rossetto como presidente da Petrobras Biocombustível.
Dilma quer reassumir o comando da Eletrobras, mas o senador José Sarney (PMDB-MA) tenta manter no comando da estatal seu afilhado político José Antonio Muniz.
Outra solicitação da DS é a presidência do Banco da Amazônia para a governadora Ana Júlia Carepa (PT-PA), que não se reelegeu. Há um movimento para empregar o deputado e ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA). Com o veto ao nome dele para a Infraero, a pressão é para que Geddel assuma a CBTU ou a Embratur.
Fora do primeiro escalão, o PSC tenta compensações nas estatais. Com 17 deputados, o partido não esconde a frustração por não ter feito um ministro após socorrer Dilma na campanha, no auge da crise religiosa.
- Nada como um dia depois do outro. Mas estamos satisfeitos. Conseguimos eleger a presidente Dilma - disse o magoado vice-presidente do PSC, Pastor Everaldo Pereira.
O PTB está insatisfeito com a ausência no 1º escalão e tenta ser compensado com Embratur e Conab. O PR deseja manter o Dnit. O PSB, que perdeu Portos, tenta ficar com o Banco do Nordeste e fortalecer o grupo de Ciro Gomes. Também tenta Dnocs e Codevasf, além da manutenção da Chesf.
Interlocutores de Dilma reconhecem que esse foi o Ministério possível. Ela não conseguiu fechar a cota de um terço de mulheres no 1º escalão, tamanha a resistência dos partidos. A influência de Lula foi decisiva; 16 ministros integravam o governo Lula como titulares das atuais pastas ou assessores.
Após definição do Ministério, aliados agora negociam cargos do segundo escalão
Gerson Camarotti e Maria Lima
Com a conclusão da equipe ministerial da presidente eleita, Dilma Rousseff, começou a guerra pelo segundo escalão. O alvo principal agora inclui as presidências e diretorias de estatais, as "joias da coroa". Ontem pela manhã, os dois últimos nomes do Ministério foram anunciados: Afonso Florence (PT-BA) para o Desenvolvimento Agrário (MDA), e a deputada Iriny Lopes (PT-ES), da tendência Articulação de Esquerda, que vai ocupar a Secretaria de Políticas para as Mulheres.
Em reunião que varou a noite, Dilma aceitou nomes levados pelo presidente do PT, José Eduardo Dutra, para duas pastas que faltavam. A Democracia Socialista emplacou Florence.
Partidos aliados, insatisfeitos com o espaço no 1º escalão, esperam compensação em cargos de empresas como Petrobras e Eletrobras, além de em bancos públicos. Essa movimentação de PMDB, PSC, PR, PTB e até PSB já preocupa Dilma. Ela decidiu congelar as negociações para as estatais até fevereiro, para evitar mais insatisfação e não contaminar a disputa pelas presidências de Câmara e Senado.
Aliados como PMDB começam a articular pleitos para as estatais. Com abaixo-assinado da bancada do PMDB de Minas, os mineiros indicam o deputado derrotado Marcos Lima à direção de Furnas. A bancada avisou que não aceita a indicação para o cargo do senador Hélio Costa (PMDB-MG), também derrotado nas urnas na disputa pelo governo mineiro. Dilma, porém, já avisou que varrerá de Furnas qualquer influência de grupos do PMDB como o de Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Essa não é a única reivindicação do PMDB. O diretório de Goiás trabalha pela indicação do ex-prefeito Íris Rezende, também derrotado ao governo estadual, para uma diretoria do Banco do Brasil ou vice-presidência da Caixa Econômica Federal, na vaga deixada por Moreira Franco.
Petrobras continua nas mãos do PT
Dilma quer vacinar estatais consideradas estratégicas, sobretudo da área energética, como a Petrobras, que continuará com o PT. Ela sinalizou que manterá no comando José Sérgio Gabrielli. A Democracia Socialista já pediu a permanência do ex-deputado Miguel Rossetto como presidente da Petrobras Biocombustível.
Dilma quer reassumir o comando da Eletrobras, mas o senador José Sarney (PMDB-MA) tenta manter no comando da estatal seu afilhado político José Antonio Muniz.
Outra solicitação da DS é a presidência do Banco da Amazônia para a governadora Ana Júlia Carepa (PT-PA), que não se reelegeu. Há um movimento para empregar o deputado e ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA). Com o veto ao nome dele para a Infraero, a pressão é para que Geddel assuma a CBTU ou a Embratur.
Fora do primeiro escalão, o PSC tenta compensações nas estatais. Com 17 deputados, o partido não esconde a frustração por não ter feito um ministro após socorrer Dilma na campanha, no auge da crise religiosa.
- Nada como um dia depois do outro. Mas estamos satisfeitos. Conseguimos eleger a presidente Dilma - disse o magoado vice-presidente do PSC, Pastor Everaldo Pereira.
O PTB está insatisfeito com a ausência no 1º escalão e tenta ser compensado com Embratur e Conab. O PR deseja manter o Dnit. O PSB, que perdeu Portos, tenta ficar com o Banco do Nordeste e fortalecer o grupo de Ciro Gomes. Também tenta Dnocs e Codevasf, além da manutenção da Chesf.
Interlocutores de Dilma reconhecem que esse foi o Ministério possível. Ela não conseguiu fechar a cota de um terço de mulheres no 1º escalão, tamanha a resistência dos partidos. A influência de Lula foi decisiva; 16 ministros integravam o governo Lula como titulares das atuais pastas ou assessores.
Colaborou: Luiza Damé
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