Gustavo Patu
BRASÍLIA - Dos estudos do Banco Central sobre a formação dos juros de mercado para a ofensiva do governo contra os bancos privados, a mudança é tão abrupta quanto a introdução do tema em discurso presidencial de 1º de Maio.
Não é que inexistam motivos para agir contra as taxas cobradas nos empréstimos e financiamentos a consumidores e empresários, anômalas até para um país onde os juros do BC sempre estiveram entre as maiores do mundo.
Mas a campanha da Fazenda e do Planalto, amparada até aqui mais em discursos políticos do que em diagnósticos técnicos, deixa dúvidas quanto à solidez de seus resultados e a sua continuidade quando a economia retomar, como se espera, um crescimento mais acelerado.
Datam de 1999 os primeiros trabalhos com chancela oficial sobre a diferença entre os que os bancos brasileiros pagam aos clientes para captar recursos e o que cobram dos tomadores de recursos -o spread, no jargão técnico.
Apontavam-se motivos como taxas de inadimplência, custos tributários e deficiências na legislação. Apresentava-se uma longa e pouco emocionante lista de providências. Na essência, essa linha de ação foi adotada ao longo do governo Lula.
Nos meios menos ortodoxos, a lentidão do processo reforçou a leitura de que o problema era a concentração dos depósitos e financiamentos nas mãos de poucos bancos.
A concentração, porém, não foi atacada e chegou a ser estimulada na corrida entre BB, Caixa, Itaú e Bradesco pela liderança do ranking.
Ela contribuiu, afinal, para a solidez do sistema financeiro, louvada ontem por Dilma e citada como argumento para a queda dos juros.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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