Aumenta pressão para que eleitorado dê maioria estável aos partidos pró-ajuste
ATENAS - Os gregos irão domingo às urnas sob crescente pressão (que você pode até chamar de chantagem) tanto dos agentes de mercado como dos interventores europeus que controlam de perto a economia.
O mais recente exemplo está na análise de Joachim Fels, da firma financeira Morgan Stanley, para quem "nada menos que o futuro da Grécia como país-membro do euro e da União Europeia está em jogo".
Fels cobra dos eleitores gregos que deem maioria aos dois partidos -o conservador Nova Democracia e o Pasok, Partido Socialista Pan-Helênico- que, adversários de toda vida, foram forçados a se unir em um governo de coalizão que toca um duro programa de ajuste.
Para Fels, "se não houver uma maioria estável para a continuação da corrente direção política, a Grécia pode abandonar o programa [de austeridade], os parceiros europeus poderiam reter o pagamento de ajudas adicionais, e a Grécia poderia decidir deixar o euro (...), o que poderia levar a uma maciça fuga de depósitos de outros países da eurozona em dificuldades, levando a desfazer a moeda única".
É um cenário apocalíptico, mas não é o único alarmismo na praça. O jornal "Kathimerini" (O Diário) informa que "a perspectiva de fragmentação das forças políticas gregas e o avanço de opositores extremistas ao acordo com os credores internacionais está causando preocupação no Fundo Monetário Internacional a respeito da implementação sem obstáculos do programa grego de recuperação".
De fato, as pesquisas mostram uma fragmentação eleitoral sem precedentes, dada a erosão do apoio aos dois partidos tradicionais. Juntos, Pasok (43,9%) e Nova Democracia (33,5%) levaram 87,4% dos votos na eleição anterior (2009).
Agora, todas as pesquisas lhes dão no máximo 40%, com leve vantagem para a Nova Democracia.
É natural: mais de 40% dos eleitores dizem aos pesquisadores que querem punir socialistas e conservadores pelo péssimo manejo da economia antes e durante a crise.
As pesquisas mostram ainda que o total de partidos que conseguirão vaga no Parlamento, superando a barreira de 3% dos votos, subirá dos atuais cinco para oito ou até dez.
"A possibilidade de oito, nove ou até dez partidos entrarem no Parlamento parece uma receita para um moussaka político particularmente insatisfatório", escreve Nick Malkoutzis, colunista do "Kathimerini", aludindo à lasanha de berinjela e carne, prato típico grego.
O eleitorado, porém, votará contra o moussaka econômico-social do presente: cinco anos de recessão, desemprego de 21,8% e aumento de 24% nos suicídios desde 2010.
Até Antonis Samaras, líder da Nova Democracia e primeiro colocado nas pesquisas, já anuncia total virada política, depois de ter gerenciado o pacotão ao lado do Pasok:
"Nosso objetivo é mudar tudo, tanto o sistema de governo como o modelo econômico", disparou em comício no sábado, anunciando menos impostos e mais respaldo a alguns setores da economia, exatamente o oposto do que os interventores tentam sem grande êxito impor aos gregos.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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