Há tanta decisão a ser tomada em setembro na economia mundial que há quem diga que o mês é a "hora da verdade". Não tanto, mas o calendário está cheio de dias assinalados. Um é amanhã, quando se reúne o Banco Central Europeu e ele vai decidir se comprará títulos de dívida dos países em dificuldades. Estão marcados também pelo menos mais três dias em vermelho: 12, 13 e 14.
No dia 13, reúne-se o Fed para decidir se haverá uma nova rodada de estímulos monetários, o que eles chamam de QE3 ( quantitative easing ou afrouxamento quantitativo). Essa operação de recompra de títulos em mercado é na prática uma injeção de dinheiro na economia e muda o valor de todos os ativos.
Pode ser bom para as exportações brasileiras, porque eleva os preços das commodities, mas ruim para a inflação, pelo mesmo motivo. Confira no gráfico abaixo a alta das commodities a cada rodada de estímulo monetário. A terceira tem sido tão aguardada que parte do efeito já ocorreu. Com mais dinheiro no mundo, vai aumentar a compra de contratos de commodities e isso eleva os preços.
Se o Fed vai despejar mais moeda na economia isso enfraquecerá o dólar. O Banco Central brasileiro, então, terá que fazer mais esforço para manter o real desvalorizado. Se tiver êxito, pressionará a inflação. Voltará à situação que viveu recentemente.
O que o Fed decidir terá efeito no mundo todo. Durante o último fim de semana, na tradicional reunião de economistas e banqueiros centrais em Jackson Hole, Bernanke deu sinais de que continua defendendo a medida. Está chegando ao fim o seu mandato e ele quer ficar para a história como o que lutou contra a pior recessão desde a Grande Depressão e evitou o pior. Precisará convencer os diretores do Fed que são contra a terceira rodada de estímulos.
A expectativa mais imediata é com a reunião de amanhã do BCE. O presidente Mario Draghi é a favor de que o banco compre títulos da dívida dos países. A Alemanha acha que isso só pode ser feito depois do aumento dos compromissos fiscais. O "super" Mario acha que não dá para esperar porque os países - inclusive o seu próprio, a Itália - estão sangrando. Serão também divulgadas as projeções para a economia da região.
No dia 12, a Corte Constitucional da Alemanha votará sobre a constitucionalidade dos fundos de resgate dos quais o país é o maior financiador. Nem se pode imaginar o que aconteceria se a corte decidir que a Alemanha não pode participar.
A Alemanha começa a sentir os efeitos da crise, as exportações estão dando sinais de queda. Muita gente está de respiração presa esperando a decisão da corte alemã. O Congresso já deu sinal verde, mas isso terá que ser referendado pela Justiça. Há ainda, no dia 14, o encontro dos ministros das finanças da Europa. Setembro é sempre um mês difícil para a economia. O de 2012 é de expectativa.
FONTE: O GLOBO
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