Legenda comemora ataque a FHC, mas relação da presidente com integrantes do partido ainda é conflituosa
Em meio a pesquisa que mostraria queda da popularidade da sigla, petistas voltaram a falar na tese "volta Lula"
Natuza Nery, Catia Seabra
BRASÍLIA - A dura resposta da Dilma Rousseff a Fernando Henrique Cardoso anteontem foi motivo de comemoração no PT, que enxergou no gesto a atitude de uma típica militante partidária.
Mas a nota da presidente, que defendeu a era Lula e rompeu o clima amistoso com o tucano, não resolve o problema: o Partido dos Trabalhadores vive hoje um de seus piores momentos, e a relação com Dilma e o julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal são apenas duas fontes dessa crise.
Vários outros motivos tiram o sono da legenda: baixa renovação de seus quadros nos últimos anos, a doença de Lula e sua consequente ausência na pré-campanha, enfraquecimento do PT no Nordeste e surgimento de líderes de outros partidos no campo da esquerda.
O tratamento duro da presidente à base social do partido, caso do funcionalismo público, e a ampla política de alianças inaugurada pelo ex-presidente Lula também são apontados como causas do "mau momento".
Alguns petistas arriscam comparar a fase atual às crises de 1982 (em que o partido, novato, quase não sobreviveu às eleições daquele ano), 1990 (após a vitória de Fernando Collor e a queda do muro de Berlim) e 2005 (revelação do mensalão).
Em diagnósticos preliminares, não se descarta uma derrota inédita nas capitais, embora as estimativas oficiais ainda apontem avanço no número global de votos.
Pesquisa recente encomendada ao instituto Vox Populi pelo partido trouxe um dado inquietante: caiu mais de cinco pontos percentuais a simpatia do eleitorado pelo PT -os relatos sobre os números exatos variam, mas é certo que saíram da casa dos 30 para a dos 20.
Dado o cenário, busca-se um culpado. E, nesse campo, Dilma é vista como forte candidata. Em primeiro lugar, porque não é petista de carteirinha (filiou-se em 2001).
Segundo porque, à exceção de Lula, governa dando de ombros a várias demandas de seu partido. Uma delas deixou mágoa: a recondução do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que faz a acusação no processo do mensalão. Entre os ressentidos está o ex-ministro José Dirceu, que ainda conta com enorme influência na sigla. Ele é um dos réus no STF.
Não por acaso, voltou a circular nos bastidores a tese do "volta, Lula". Aliados buscam o ex-presidente pedindo por sua candidatura em 2014.
Na Rio+20, um grupo de governadores aproveitou a presença de Lula na capital fluminense para fazer-lhe esse apelo. Segundo relatos, ele defendeu a sucessora.
A assessoria de Lula nega o encontro com governadores, relatado por um deles sob o compromisso de não ser identificado.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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