quarta-feira, 5 de setembro de 2012

CPI do Cachoeira é suspensa e risco de pizza aumenta

A CPI que apura a relação da construtora Delta com o esquema do empresário Carlinhos Cachoeira decidiu suspender suas reuniões até o fim do primeiro turno das eleições, marcado para 7 de outubro. A decisão praticamente sepulta os trabalhos da comissão, que termina em 4 de novembro.

Reuniões da CPI do Cachoeira são suspensas até o 1º turno da eleição

Decisão praticamente sepulta os trabalhos, que deverão ser concluídos em 4 de novembro

Não haverá tempo hábil para novas quebras de sigilo; suspensão dá sequência a blindagem de grandes empreiteiras

BRASÍLIA - Em um movimento que praticamente sepulta os trabalhos da CPI do Cachoeira, o comando da comissão decidiu ontem suspender suas reuniões até o fim do primeiro turno das eleições.

O argumento oficial é que as investigações não podem ser contaminadas pelos "humores eleitorais".

Quando retomarem às reuniões, em 9 de outubro, os congressistas terão pouco menos de um mês até a conclusão dos trabalhos, prevista para 4 de novembro.

Com essa decisão, novas quebras de sigilo não devem ser aprovadas. Uma vez solicitados, esses dados demoram 30 dias para chegar à CPI, mais tempo do que os parlamentares terão até o encerramento dos trabalhos.

A decisão da comissão dá sequência à blindagem em relação a grandes empreiteiras.

No início de agosto, o comando da CPI engavetou requerimentos que exporiam as movimentações bancárias de supostas empresas de fachada usadas pela construtora Delta no eixo Rio-São Paulo.

Segundo dados da comissão parlamentar, essas empresas receberam mais de R$ 200 milhões da empreiteira.

Até aqui, a CPI tem restringido suas apurações à relação da Delta com o esquema do empresário Carlinhos Cachoeira, concentrado na região Centro-Oeste.

Cachoeira, preso desde fevereiro, é acusado de explorar o jogo ilegal e de ter corrompido agentes públicos para, entre outros objetivos, beneficiar a Delta, empreiteira da qual seria sócio oculto.

A Folha apurou que o PT já tem a sensação de dever cumprido por considerar que a CPI atingiu o governador Marconi Perillo (PSDB-GO) e deseja que o tucano seja o único foco do relatório final.

Alvo

O governador se tornou alvo preferencial do partido desde que afirmou ter avisado o ex-presidente Lula sobre a existência do mensalão.

Lula sempre negou ter tido conhecimento do esquema de compra de voto no Congresso, agora em julgamento no Supremo Tribunal Federal.

Legalmente, os trabalhos da CPI podem ser prorrogados por mais três meses, mas isso vai ocorrer, segundo a reportagem apurou, só se surgirem novos fatos contra Perillo que demandem mais tempo para investigação.

O relatório final da comissão deve pedir o indiciamento do tucano, sob o argumento de que ele permitiu que o esquema comandado por Cachoeira se infiltrasse em seu governo. Perillo nega.

O PSDB tenta ganhar tempo para evitar que o governador seja o único alvo do relatório final. Parlamentares tucanos defendem a quebra de sigilo das empresas de fachada do eixo Rio-São Paulo.

Para o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), o PT não quer aprofundar as investigações no caso para não esbarrar em esquemas de outras empreiteiras.

"Eles não dão quórum nas reuniões da CPI, mas na hora de anunciar o acordão estavam todos lá, do PSDB e do PT", disse ele.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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