Por Andrea Jubé – Valor Econômico
BRASÍLIA - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva retorna hoje a Brasília, em nova ofensiva para tentar convencer senadores a votarem contra o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. O alvo não é a pronúncia, que se consuma nesta terça-feira, mas o julgamento no plenário no fim do mês. Lula reúne-se com Dilma no Palácio da Alvorada e terá conversas reservadas com senadores. Amanhã, discute o futuro do PT e o espaço do partido nas eleições municipais, num momento em que os petistas lutam pela sobrevivência política após o impedimento de Dilma e em meio à Operação Lava-Jato.
Há um mês, Lula se reuniu com seis senadores em um jantar na casa do senador Roberto Requião (PMDB-PR). O quórum era pequeno, mas tinha alvos específicos. O PT contabiliza 22 votos favoráveis a Dilma, numa conta apertada, em que precisam alcançar 27. Na casa do pemedebista, Lula tentou, em especial, conquistar o voto de Roberto Rocha, do PSB do Maranhão. Rocha foi sondado por auxiliares de Michel Temer para assumir o Ministério de Minas e Energia, mas acabou substituído por Fernando Coelho Filho (PE), também do PSB.
Um aliado de Lula afirma que ele não abandonou Dilma nem o fará. Mas o ex-presidente - agora declarado réu em ação penal resultante da delação premiada do ex-senador Delcídio do Amaral - dividirá suas energias na sua própria defesa, em defender sua biografia e em tentar salvar o PT. Lula tem dito aos senadores que, "primeiro reconduzam Dilma", e depois, conversem "com ele".
Na quarta, Lula se reúne com os deputados e senadores petistas. O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), disse ao Valor que a reunião de Lula com o PT será ampla, para discutir de tudo um pouco: os rumos do impeachment, a conjuntura política, a atuação do partido nas eleições municipais. Lula discute o papel do PT nas eleições logo após a iniciativa do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, de encaminhar à Corregedoria Eleitoral pedido de investigação que pode resultar na cassação do registro do partido.
Lula dedicou os últimos 15 dias a atos políticos, em capitais do Nordeste, onde exerce forte apelo eleitoral, e na grande São Paulo, para turbinar seu capital político e candidaturas petistas. No Ceará, participou de ato com a ex-prefeita de Fortaleza Luizianne Lins, que volta a disputar a prefeitura da capital cearense. Na Bahia, compareceu a um grande ato com o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), batizado de "Lulão". Em Natal (RN), lançou a candidatura de Mineiro (PT) à prefeitura.
Na semana passada, Lula foi declarado réu em ação penal que tramita na Justiça Federal de Brasília, junto com Delcídio do Amaral, em desdobramento da delação premiada do ex-senador.
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