Ex-diretora da CVM vê indício de ‘insider trading’ em operação de donos
Danielle Nogueira, O Globo
Na véspera de delação vazar, venda de ações por controladores foi de R$ 10 milhões. Os controladores da JBS venderam R$ 9,9 milhões em ações um dia antes do vazamento da delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da empresa. Segundo formulário da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), foram vendidas 984.900 ações ordinárias (com voto) da companhia em 16 de maio ao preço de R$ 10,11. Em 17 de maio, o colunista do GLOBO Lauro Jardim revelou detalhes da delação. No dia seguinte, os papéis fecharam em queda de quase 10% na Bolsa.
Os controladores da JBS são a FB Participações e o Banco Original, que pertencem à família Batista. A venda de ações do dia 16 foi a primeira do mês feita pelos controladores, seguida por outras nos dias seguintes. No total, foram seis operações de venda, totalizando R$ 55,5 milhões.
— Isso (a venda de ações na véspera do vazamento da delação) pode ser um indício de que eles tinham informação privilegiada sobre a delação — avalia Norma Parente, ex-diretora da CVM e professora da PUC-Rio.
Para Aurelio Valporto, vice-presidente da Associação de Investidores Minoritários do Brasil, a operação caracteriza crime de insider trading. Na última sexta-feira, a Polícia Federal deflagrou operação, em ação coordenada com a CVM, para investigar se houve uso de informação privilegiada por JBS e FB Participações em transações de mercado financeiro ocorridas entre abril e maio deste ano.
A JBS disse que “todas as operações de compra e venda de moedas, ações e títulos realizados pela J&F, suas subsidiárias e seus controladores seguem as leis que regulamentam tais transações”.
Em abril, O GLOBO antecipou, a partir de consultas de formulários na CVM que pessoas ligadas aos controladores do grupo venderam R$ 328,5 milhões em ações da companhia no período em que Joesley Batista negociava a delação com a Procuradoria.
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