Bruno Boghossian, Angela Boldrini, Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Ministros do PSDB e governadores contrários à saída do partido do governo pressionam os dirigentes da sigla para que não haja uma decisão nesta segunda-feira (12), dia de reunião marcada peça executiva nacional da sigla.
Eles argumentam que a legenda está rachada e que uma deliberação nesse cenário aprofundaria essa divisão.
"Acho que seria muito difícil chegar a alguma conclusão, num partido dividido. Não há urgência ou determinação para que haja decisão agora. Marcar data para uma reunião desse tipo não me parece uma coisa muito sensata", afirmou o secretário-geral do PSDB, deputado Silvio Torres (SP).
O roteiro original da reunião previa discussão ampla, envolvendo a cúpula partidária, deputados, senadores, ministros, governadores, prefeitos de capitais e presidentes de diretórios regionais. Em seguida, a comissão executiva –instância de decisões da legenda– se reuniria e tomaria uma decisão, no voto.
Diante das pressões, o partido pode adiar essa votação e convocar uma nova reunião da comissão executiva para outra data.
Levantamento publicado pela Folha no domingo (11) mostra uma legenda rachada entre os que querem sair do governo e os que defendem a permanência.
Dos 56 deputados federais, 19 responderam que desejam o desembarque e 19 que preferem manter-se na base. Outros 11 se declararam indecisos ou não quiseram opinar e sete não responderam.
Entre os que defendem a saída do governo, está a ala mais jovem dos parlamentares da legenda, que pressiona por uma definição.
Para eles, a absolvição da chapa Dilma-Temer no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na sexta-feira (9) não deveria afetar a decisão sobre o desembarque. Eles reclamam que o foco do governo saiu da agenda de reformas para gerenciar a crise e defendem a entrega dos ministérios.
"Não precisamos de cargos para apoiar projetos importantes", disse o deputado federal Fábio Sousa (GO).
Congressistas do grupo devem se reunir antes do encontro para traçar uma estratégia e tentar impedir o protelamento da decisão.
Na prática, no entanto, a decisão sobre a deliberação final cabe ao presidente interino do PSDB, o senador Tasso Jereissati. Na semana passada, ele disse que "segunda-feira é o limite do PSDB".
Diante da indefinição do quadro político, teria se convencido, porém, de que este não será o momento para a decisão final, diz um aliado.
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