Por Cristian Klein | Valor Econômico
RIO - Se a fragmentação da direita na eleição a governador do Rio é grande, a da esquerda não é menor. Principal expressão eleitoral do campo progressista no Rio, o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol) afastou qualquer possibilidade de concorrer ao Palácio Guanabara. Vai se lançar a deputado federal para ajudar o Psol a ultrapassar a cláusula de barreira, que passa a vigorar nestas eleições. Com a decisão de Freixo, a união das legendas de esquerda ficou mais difícil. O PT mantém a candidatura do ex-chanceler Celso Amorim (3,6% das preferências, de acordo com levantamento do Paraná Pesquisas); o PCdoB conta com o vereador de Niterói Leonardo Giordano; o PDT aposta no deputado estadual Pedro Fernandes; e o Psol vai novamente com o vereador da capital Tarcisio Motta, que obteve quase 9% dos votos em 2014.
Na tentativa de formar uma frente progressista, o antropólogo Luiz Eduardo Soares tem promovido reuniões em sua casa em São Conrado - "É o nosso aparelho" - para se chegar ao consenso em torno de um nome.
O primeiro encontro, com representantes da sociedade civil e de movimentos sociais, foi no dia 8. Na sexta-feira, 25, o convite será estendido a dirigentes e representantes partidários, como os deputados federais Alessandro Molon (PSB) e Jandira Feghali (PCdoB), o senador Lindbergh Farias (PT) e Freixo.
Das cinco legendas que participam, o PSB é a única que não tem pré-candidato, o que, na opinião de Soares, poderia facilitar as demais a abrirem mão de seus postulantes, em favor, por exemplo, do ex-ministro da Saúde, José Gomes Temporão. "O Rio é um pequeno retrato do Brasil em seus piores aspectos. O cenário é dantesco. Mas isso também facilita e induz a entendimentos", diz o antropólogo.
Luiz Eduardo Soares - que já foi do PT e do Rede Sustentabilidade, de Marina Silva - sugere ainda a filósofa e petista Márcia Tiburi. Ou mesmo Tarcisio Motta. O importante, diz, não é o nome, mas a formação da frente. O terceiro encontro do esforço que qualifica de "quixotesco" será um evento público, num auditório maior.
Estão fora do grupo de discussão o Rede, cujo pré-candidato é o decano da Câmara dos Deputados, Miro Teixeira (6,2%), e o PPS, aliado tradicional dos tucanos no Estado. "O problema do PPS é que fechou com a direita em todo esse processo do impeachment [da ex-presidente Dilma Rousseff] e esteve no governo Temer. O Rubem Cesar é meu amigo, uma grande figura, mas se autoexcluiu ao escolher partido que não faz parte do nosso campo. E o Rede, além do impeachment, ficou a favor da intervenção federal", diz.
Para Soares, "se todos [os candidatos] forem até o final, [a esquerda] não tem nenhuma chance de chegar ao segundo turno". Mas como a eleição no Rio é imprevisível, até as poucas certezas duram pouco. "O Psol tende a crescer. Não está fraco. Pelo contrário. O professor Tarcísio, mesmo com aquele rabo de cavalo, a bolsa de universitário, teve quase 10% na última eleição. Hoje está mais maduro. Nossa leitura é que terá uns 15% de saída", afirma um cacique partidário fora do campo da esquerda. No Paraná Pesquisas, o vereador aparece com 3,1% das preferências.
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