Marcos de Moura e Souza | Valor Econômico
BELO HORIZONTE - O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel e o da Bahia, Rui Costa, ambos petistas, devem encontrar-se hoje no Recife com o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB) e outros chefes de administrações estaduais. Formalmente, o encontro tratará de questões administrativas, mas alianças eleitorais deverão entrar na pauta. O PSB hesita entre aliar-se ao presidenciável Ciro Gomes (PDT) ou ficar sem candidato presidencial este ano.
Interessa a Paulo Câmara uma composição com o PT para viabilizar sua reeleição. E interessa a Pimentel atrair o PSB para sua campanha por um segundo mandato. Essa costura teria, no entanto, de passar por uma desistência do pré-candidato do PSB ao governo de Minas, o ex-prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda.
Na próxima semana, os governadores petistas devem se reunir em Brasília com a presidente nacional do partido, a senadora Gleisi Hoffmann. O encontro, esperado para terça ou quarta-feira, tem como objetivo travar a discussão sobre a campanha presidencial.
A direção do PT vem insistindo que Lula é candidato a presidente. Mesmo cumprindo pena de prisão em Curitiba, após ser condenado em segundo instância por corrupção passiva no processo do triplex no Guarujá (SP), Lula mantém ampla liderança nas pesquisas de intenção de voto.
A conversa de Gleisi com os governadores buscará alinhar os discursos e expectativas em relação ao papel que o ex-presidente - mesmo atrás das grades - poderá ter na campanha deles e do PT.
O partido tem cinco governadores: Camilo Santana (CE), Fernando Pimentel (MG), Rui Costa (BA), Tião Viana (AC) e Wellington Dias (PI). Santana e Wellington Dias já manifestaram publicamente simpatia pela candidatura de Ciro Gomes. Pimentel defende Lula candidato.
Os planos da direção do PT são de registrar a candidatura do ex-presidente na semana de 15 de agosto, data limite imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral.
O tribunal, então, inicia a fase de avaliação dos registros dos candidatos e no PT a expectativa é que o registro de Lula seja julgado no início de setembro. Antes disso seria necessário, para as pretensões do PT, que houvesse uma reviravolta no caso. Ou seja, que o Superior Tribunal de Justiça ou o Supremo Tribunal Federal revissem a prisão de Lula, permitindo que ele recorresse em liberdade da sentença. E, consequentemente, que pudesse concorrer ao Planalto.
Caso nada disso aconteça e Lula seguir preso, é ele, da cadeia, quem deverá apontar o nome do candidato do PT ao Planalto. Seria candidato oficial por algumas semanas e transmitiria a missão para um petista já na reta final da campanha. O risco claro para a legenda é que esse possível sucessor não herde, como esperado, o volume de votos que faz de Lula líder absoluto nas pesquisas desde o ano passado. Mas é um risco que o comando do partido indica que vai assumir.
Ciro é candidato do bloco de partidos de esquerda mais bem posicionado nas pesquisas quando se leva em conta cenários em que Lula fica de fora de disputa.
Mas falar de uma alternativa fora do PT continua sendo tabu para a maior parte das lideranças do partido.
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