- Folha de S. Paulo
Pleito coloca 48 decisões nas mãos do eleitor de San Francisco, na Califórnia
Se você achou muito ter votado em candidatos para ocupar seis cargos nas eleições de outubro, considere-se feliz por não viver nos EUA. Um eleitor de San Francisco, Califórnia, por exemplo, terá nada menos do que 48 decisões a tomar no pleito desta terça.
Ele será convidado escolher um deputado federal, um estadual, um senador, o governador e mais 16 autoridades eleitas (estaduais e municipais), manifestar-se acerca do destino de 10 juízes (prorrogar o mandato ou fazer o recall) e votar em 13 iniciativas legislativas estaduais e cinco municipais.
Esse banho de democracia é positivo? A questão é traiçoeira. Não há dúvida de que as autoridades políticas devem ser eleitas. Ninguém ainda apresentou um sistema melhor do que a democracia. Mas o que dizer de cargos mais técnicos, como superintendente de educação?
São, contudo, as iniciativas legislativas que escancaram os limites da democracia direta. Na Califórnia, o eleitor deverá decidir, por exemplo, se o lucro das clínicas de hemodiálise deve ser limitado por lei. Imagino que essa não seja uma questão simples nem para economistas da saúde. O que esperar então de cidadãos que não têm tempo nem disposição para aprender o suficiente de medicina e de economia para fazer uma escolha informada?
Se queremos respostas racionais para os problemas que se nos apresentam —o que me parece desejável—, faz mais sentido apostar na democracia representativa, isto é, na profissionalização dos políticos.
Não é que os parlamentares sejam gênios que compreendam tudo (muito pelo contrário), mas eles, ao menos em tese, têm a incumbência de estudar as matérias legislativas em que votarão e os recursos (um exército de assessores) para encontrar a melhor solução técnica que esteja em acordo com os interesses de seus constituintes.
Nesse desenho institucional, bastaria o eleitor escolher representantes sérios e tudo daria certo.
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