Folha de S. Paulo
Ex-presidente será julgado por trama golpista
no STF a partir de terça-feira (2)
O governador de São Paulo, Tarcísio
de Freitas (Republicanos), afirmou que, caso seja eleito presidente da
República em 2026, seu primeiro ato de governo será conceder indulto ao
ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL).
A declaração foi dada nesta sexta-feira (29) em entrevista ao Diário do Grande
ABC.
"Na hora. Primeiro ato. Porque eu acho
que tudo isso que está acontecendo é absolutamente desarrazoado", disse
Tarcísio ao ser questionado sobre se concederia o indulto.
O julgamento
de Bolsonaro, que está em prisão domiciliar, e de outros sete réus acusados
de crimes contra a democracia, está marcado para começar na terça-feira (2),
no STF (Supremo
Tribunal Federal).
Esta não é a primeira vez que Tarcísio faz
declarações a favor de indulto a Bolsonaro. Ele já havia afirmado, em conversa
com empresários e banqueiros, que concederia o perdão ao ex-presidente caso
fosse eleito.
Apesar de já ser tratado como candidato à Presidência, o governador voltou a negar nesta sexta-feira que esteja na disputa pelo cargo.
"Eu não sou candidato à Presidência, vou
deixar isso bem claro. Todo governador de São Paulo é presidenciável, pelo
tamanho do estado, um estado muito importante", afirmou.
Como a Folha relatou, nos dias que sucederam o
decreto de prisão domiciliar de Bolsonaro, Tarcísio intensificou
agendas com empresários do setor agropecuário e financeiro.
Em julho, o governador afirmou a jornalistas
que qualquer presidenciável da centro-direita concederia o indulto a Bolsonaro,
o que seria visto como "um fator de pacificação".
A declaração foi dada após o senador Flávio
Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, afirmar, em
entrevista à Folha,
que, para receber o apoio do pai, um candidato à Presidência deveria não só
conceder indulto a ele, mas brigar com o Supremo por isso, se for preciso.
Nas últimas semanas, Tarcísio intensificou
sua atuação em prol de uma anistia para os acusados de golpismo, tema que está
travado na Câmara dos Deputados. Em viagens a Brasília, o governador defendeu
a medida para políticos do centrão e chegou a cobrar, em discurso, um
gesto de pacificação do Congresso.
A fala ocorreu no evento
de aniversário do Republicanos em Brasília, com o presidente da Câmara,
Hugo Motta (Republicanos-PB), na plateia.
O nome de Tarcísio como presidenciável foi
tema de briga
na família Bolsonaro. Em uma mensagem enviada ao pai, citada em relatório
da Polícia
Federal, o deputado federal Eduardo
Bolsonaro (PL-SP) afirma que Tarcísio nunca ajudou Jair em relação a
seu julgamento.
"Tarcísio nunca te ajudou em nada no
STF. Sempre esteve de braço cruzado vendo você se foder e se aquecendo para
2026", escreveu.
A mensagem foi enviada no dia 17 de julho.
Naquela época, Tarcísio tentava se posicionar como interlocutor do governo
americano. Dias antes, o
governador havia se reunido com o encarregado de negócios da embaixada
dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar.
Eduardo demonstra contrariedade com essas
movimentações. "Agora ele quer posar de salvador da pátria", afirmou
na ocasião.
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