• Em sessão tumultuada, respostas vagas de tesoureiro do PT na CPI da Petrobras praticamente equivalem a uma admissão de culpa
Tornou-se lugar comum descrever como circenses as sessões de inquérito parlamentar --mas a realizada na quinta-feira (9), quando o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, compareceu à CPI da Petrobras, sugere outro tipo de comparação.
Foi em tudo semelhante aos tumultos de um pátio de escola o que se verificou no Congresso. A partir do momento em que um funcionário da Câmara dos Deputados espalhou roedores pela sala, era inevitável associar a cena a alguma típica traquinagem escolar.
Decerto nenhum dos parlamentares teve responsabilidade no bizarro incidente. Mas também foi digno de colégio mal afamado o "bullying" que, por momentos, substituiu a formulação de perguntas concretas ao convocado da CPI.
Quem irá cuidar de sua família, perguntou o Delegado Waldir (PSDB-GO) ao tesoureiro petista, quando o senhor estiver no presídio? Como Vaccari se sente, indagou o parlamentar tucano, no papel de maior criminoso do país?
Não era necessário esse tipo de insulto para desmoralizar, com fatos e raciocínios, as versões apresentadas por Vaccari na comissão.
Mesmo antes da sessão, seu depoimento já abria o flanco a suspeitas. O advogado do petista obtivera, no Supremo Tribunal Federal, uma curiosa autorização: seu cliente não seria obrigado a dizer a verdade para os inquiridores.
Desobrigado de dizer qualquer coisa, fosse verdadeira ou mentirosa, Vaccari especializou-se em dar respostas ocas e sem sentido ao que lhe foi questionado.
Insistiu na tecla de que o PT não fez mais do que qualquer outro grande partido no trato de suas finanças de campanha: recebeu apenas contribuições legais das principais empreiteiras do país.
É ocultar o fato de que as investigações incidem sobre a Petrobras --controlada pelo PT-- e sobre as vantagens que empresas de construção ganharam de diretores da estatal.
Se empreiteiras eram meras doadoras, por que o tesoureiro do PT manteria contatos com Renato Duque, Pedro Barusco ou mesmo --num episódio quase surreal de encontro marcado sem motivo e desmarcado sem explicação-- com o doleiro Alberto Youssef?
Numa indagação precisa, a deputada Eliziane Gama (PPS-MA) apontou a mais que flagrante coincidência de datas: aos pagamentos da Petrobras a consórcios de empreiteiras se seguiam, após pouquíssimos dias, doações dessas mesmas empreiteiras ao PT.
Sem acrescentar nada além da ladainha de que o PT recebia doações dentro da lei, Vaccari disse pouco na CPI; por chocantes que sejam, os insultos injustificados que ouviu não afastam a conclusão de que sua reticência equivale a uma confissão de culpa.
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