- Folha de S. Paulo
No primeiro debate entre Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (PSOL), na Band, faltou confronto e sobraram gentilezas entre os candidatos. O tom morno favoreceu Crivella, que lidera com folga a disputa pela Prefeitura do Rio.
O senador começou melhor. Prometeu reduzir as filas nos hospitais, problema que afeta o cidadão comum. Freixo anunciou uma assembleia com servidores da educação, que já são simpáticos a ele.
O deputado estadual protestou contra o bombardeio virtual à sua candidatura. Crivella se esquivou e disse não ter responsabilidade pela artilharia. Ficou por isso mesmo.
Atrás nas pesquisas, Freixo perdeu chances de explorar pontos fracos do rival. Quando Crivella citou o vice, não respondeu que ele foi indicado por Anthony Garotinho, um espantalho de eleitores. O site do PRB chegou a tirar uma notícia do ar para tentar esconder o ex-governador.
Freixo também abriu mão de chamar o adversário de bispo, recurso óbvio para reforçar seu vínculo com a Igreja Universal. Crivella é sobrinho de Edir Macedo, cujo projeto de poder não poderia ser mais claro.
O debate ameaçou esquentar quando o senador disse que o rival é apoiado por partidos do petrolão. Na réplica, Freixo lembrou que Crivella foi ministro de Dilma Rousseff. A discussão parou por aí.
Na terceira campanha à prefeitura, o senador surpreendeu com um discurso liberal. Prometeu cortar gastos e combater a "indústria da multa". Foi um aceno à classe média conservadora, que não gosta de nenhum deles, mas tem pesadelos com o esquerdismo do PSOL.
Pouco combativo, Freixo parecia não ver que o figurino de bom moço veste mal quem está perdendo. Nas considerações finais, um Crivella relaxado citou "a minha igreja" e a TV Record, controlada pelos bispos. Freixo teve um sopro de incisividade e respondeu que "o povo não é rebanho" — mas boa parte da audiência, fiel ou não, já tinha ido dormir.
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