No Rio, Crivella (PRB) e Freixo (PSOL) planejam invadir áreas onde, no 1º turno, o adversário teve seu melhor desempenho. Crivella prepara agenda na Zona Sul e Freixo, atos na Zona Oeste.
Para vencer, trincheira do adversário entra na mira
• Crivella prepara investida na Zona Sul, e Freixo monta estratégia para ganhar votos na Zona Oeste
Marco Grillo, Vera Araújo e Miguel Caballero - O Globo
Para pavimentar seu caminho à prefeitura do Rio, Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (PSOL) pretendem avançar sobre os territórios dominados pelo adversário no primeiro turno. Com votação amplamente favorável na Zona Oeste, Crivella tem participado de reuniões com pequenos grupos na Zona Sul, onde o oponente conseguiu seus melhores resultados. Freixo, por sua vez, acredita que o programa de televisão — no qual terá dez minutos, contra os onze segundos do primeiro turno — será fundamental para alcançar os eleitores de bairros como Santa Cruz e Guaratiba, onde registrou seus piores índices. Ao menos dois grandes atos na Zona Oeste, em Bangu e Campo Grande, também estão marcados.
— Em algumas áreas, ou você chega com a televisão, ou chega pessoalmente. Tem lugares em que a gente tem problemas de chegar pessoalmente na Zona Oeste, por causa da milícia. Com a televisão, a gente entra em todas as casas — analisa Freixo.
Já os estrategistas de Crivella creem que o corpo a corpo com eleitores não funciona na Zona Sul. Por isso, o candidato do PRB intensificará a agenda de encontros fechados com empresários e outros representantes dos estratos de renda mais alta. O objetivo é evitar que setores que apoiaram Indio da Costa (PSD) e Carlos Osorio (PSDB), bem votados na região, migrem para Freixo. Na última segunda-feira, quando apresentou o mapa da votação do primeiro turno a aliados, Crivella admitiu que precisa melhorar seu desempenho:
— Olha, Copacabana, que tragédia (apontando para o mapa de votação em Copacabana e no Leme). Temos que melhorar e conversar com os eleitores do Pedro Paulo e do (Flávio) Bolsonaro nesses bairros. Olha como o Freixo está ali.
Na Zona Eleitoral em questão, Freixo venceu, enquanto Crivella ficou em quinto.
Amigo de Crivella há mais de 20 anos, Sebastião Nogueira está organizando reuniões na cobertura do apart-hotel Tiffany’s, em Ipanema, que ele administra. Os clubes Marimbás, Caiçaras e Monte Líbano também estão sediando reuniões. Os empresários Jorge Moll, da Rede D’or, e Ricardo Rique, que teve participação no Grupo Iguatemi, já foram procurados.
— A rejeição contra Crivella diminuiu muito, mas a Zona Sul merece atenção, pois ele não foi bem no primeiro turno. Estamos mostrando que ele é ficha limpa — disse Nogueira.
O discurso do candidato para eleitores da região contempla promessas como melhorar a mobilidade e intensificar a segurança nos principais pontos turísticos da cidade. Nogueira ainda intermediou encontros de Crivella com o cardeal arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta. Faz parte da estratégia diminuir a associação do candidato com a Igreja Universal do Reino de Deus, da qual ele é bispo licenciado, e assim evitar a rejeição das classes média e alta.
Já Freixo aposta principalmente no horário eleitoral para avançar onde teve um desempenho ruim. Mas as agendas dele e da militância na Zona Oeste também serão intensificadas.
— Não dá para cobrir a Zona Oeste sem televisão, e, agora, a gente tem. Os núcleos (de militantes) também vão trabalhar muito. A adesão voluntária tem sido grande — afirmou o secretário executivo do PSOL no Rio, Honório Oliveira.
A campanha do PSOL no horário eleitoral trará propostas para a região e apresentará a biografia do candidato.
Para conter boatos, Freixo gravará vídeos curtos, para serem divulgados pelo WhatsApp. A campanha identificou rumores que têm se espalhado pela Zona Oeste e prejudicado a imagem de Freixo, como um áudio, imitando sua voz, criticando os taxistas. Um vídeo, editado, com o candidato do PSOL falando sobre a Marcha Para Jesus, também preocupa.
Além disso, a campanha acredita na mobilização de eleitores para dar força à candidatura nas ruas. São cinco comitês principais na região: Santa Cruz, Campo Grande, Bangu, Realengo e Guaratiba. Eles têm se replicado em dezenas de pequenos núcleos em bairros menores.
O nome mais forte da militância do PSOL na área é William Siri, que teve 6.286 votos na eleição para vereador e ficou com a segunda suplência na coligação. Evangélico, o jovem morador de Campo Grande tem boa inserção em Guaratiba, onde viveu a adolescência. Tornou-se coordenador da campanha de Freixo na Zona Oeste no segundo turno.
— A mobilização está muito grande. Tem muita gente pedindo material, criando núcleos. A maioria, sem dúvida, de jovens. Vamos ter muita gente nas ruas. Na quarta-feira, uma reunião de mobilização reuniu 400 pessoas em Campo Grande. Estaremos muito presentes na Zona Oeste — disse Siri.
Ele ressaltou a importância de combater os rumores:
— Vai ser muito importante descaracterizar essa campanha do ódio. (Colaborou Gustavo Schmitt)
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