As eleições municipais de 2012 marcaram mais um passo na
consolidação da democracia. Já é possível visualizar os resultados alcançados
pelas diversas forças políticas. Há uma procura obsessiva por um suposto
"recado das urnas" ou a tentativa forçada de extrair uma leitura
nacional e estratégica. Esforço vão.
A primeira coisa a registrar é que, desde a plena
redemocratização em 1985, é a 15ª eleição livre e democrática no país. Todos
têm voz e vez. Fala o PMDB, o PSDB, o DEM e o PT. Falam as minorias ideológicas
radicalizadas (PSTU, PSOL, PCO, PCdoB). O processo é imperfeito, como
imperfeitos são o ser humano e a sociedade. Demagogia, poder econômico, baixo
nível de informação, falta de enraizamento partidário, tudo influencia. E do
"liquidificador mental" da população nascem as conclusões e as
decisões. Como disse o estadista inglês: "a democracia é o pior sistema,
exceto todos os outros".
Por outro lado, por mais que se esforcem os analistas e
líderes de plantão, não há um significado nacional e estratégico. As eleições
municipais são marcadas pela discussão dos problemas cotidianos das cidades e
sobre os melhores gestores para governá-las. É evidente que o julgamento do
mensalão pode impactar perifericamente o processo de decisão, mas a lógica é
predominantemente local.
Por mais que alguns tenham alertado que 2014 não estava em
jogo, a mídia e alguns analistas insistem que a eleição de 2012 preparou o
tabuleiro para a eleição presidencial. Como se as eleições locais fossem o
prefácio, a antessala da disputa de 2014. Nada mais errado. Collor se elegeu
presidente sem ter mais do que dez prefeitos o apoiando. As eleições para
presidente da República ou governo do Estado têm grande autonomia. Mais valem o
palanque eletrônico na TV e a crescente influência das redes sociais.
Ainda assim, saímos revigorados em Minas Gerais. O PSDB foi
o partido com maior número de prefeitos eleitos: 143. As forças aliadas que
apoiam o projeto liderado por Aécio Neves e Antonio Anastasia desde 2002
conquistaram 80% das prefeituras e milhares de cadeiras nas câmaras municipais.
Nas 59 maiores cidades, com mais de 40 mil eleitores, quatro têm segundo turno;
nas 55 cidades restantes, foram 35 vitórias das forças aliadas. Somam-se a
estas duas situações peculiares, Pará de Minas e Ubá, com candidatos eleitos
não alinhados, mas vice-prefeitos do PSDB.
É de ressaltar a retumbante vitória de Marcio Lacerda e
Aécio Neves em Belo Horizonte contra o ex-prefeito, ex-ministro e maior
liderança petista em Minas, Patrus Ananias, pela primeira vez na história, no
primeiro turno - mesmo com a intensa participação de Dilma e de Lula -, E a
significativa vitória do deputado Carlaile Pedrosa na cidade mais
industrializada do Estado, Betim.
Para fechar com chave de ouro, só faltam as vitórias de
Bruno Siqueira, Lerin, Rui Muniz e Carlim Moura, no próximo domingo. A conferir!
Marcus Pestana, deputado federal e presidente do PSDB-MG)
Fonte: jornal O Tempo
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