Depois da questionável decisão do ministro José Eduardo Cardozo, da Justiça, de receber em audiência advogados de empreiteiros presos na Operação Lava-Jato, torna-se ainda mais urgente que a presidente Dilma Rousseff faça uma manifestação pública sobre o escândalo de corrupção na Petrobras. O país não pode ficar com a impressão de que o governo atua para proteger suspeitos e inibir as investigações que estão sendo feitas com autonomia pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, com o acompanhamento do Judiciário.
As reações de parlamentares e militantes do PT ao ex-ministro Joaquim Barbosa, que pediu a demissão do ministro da Justiça, evidenciam a mesma estratégia de acobertamento empregada no mensalão. Na ocasião, lideranças petistas desenvolveram a tese de que o uso de caixa 2 e dos chamados recursos não contabilizados não podia ser considerado corrupção. Agora é ainda mais grave: a Petrobras foi saqueada, diretores cobraram propina, os corruptores estão presos e réus que fizeram acordo de delação premiada asseguram que o dinheiro público foi parar nos cofres dos partidos e das campanhas eleitorais. O país quer saber o que a presidente pensa sobre isso.
Equivoca-se completamente o ministro da Justiça quando diz que as críticas à sua atitude são próprias da ditadura. Questionar autoridades, fiscalizar governantes e representantes parlamentares, criticar políticas públicas, tudo isso é próprio da democracia. Pedir a demissão de um ministro, como fez Joaquim Barbosa usando suas prerrogativas de cidadão e usuário de redes sociais, faz parte do jogo democrático. Numa ditadura, é que ninguém ousa fazer isso.
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