• Tucanos querem que ministro se explique na CCJ do Senado e na CPI da Petrobras
Cristiane Jungblut e Júnia Gama – O Globo
BRASÍLIA - O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), informou ontem que o partido vai pedir a convocação do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para dar explicações sobre encontros com advogados de empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato tanto na Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ) quanto na futura CPI da Petrobras da Câmara.
Em discurso, Cunha Lima ainda defendeu a autonomia da Polícia Federal, como ocorre hoje com o Ministério Público. Para o tucano, a PF não pode permanecer vinculada ao Ministério da Justiça. Ele lembrou que Cardozo negou o encontro com os advogados e ainda apresentou três versões conflitantes sobre as reuniões.
- Não entro no mérito se é ético, moral ou legal o ministro receber advogados. O que chama a atenção é a apresentação de três versões distintas. Qualquer autoridade tem o direito de receber quem solicitar contato oficial, mas que isso não seja feito às escuras, às escondidas, como fez o ministro, que só revelou o encontro após a publicação pela imprensa - disse Cássio Cunha Lima.
O líder do PSDB explicou que a convocação será formalizada na CCJ do Senado quando a comissão for instalada na próxima semana, e ainda na CPI da Petrobras da Câmara, por meio do líder do PSDB na Casa, Carlos Sampaio. Caso a oposição consiga as 27 assinaturas necessárias dos senadores para criar a CPI Mista da Petrobras, o pedido de convocação de Cardozo será repetido. Por enquanto, foram coletadas 23 assinaturas.
Ontem, o PPS pediu abertura de processo contra o ministro da Justiça na Comissão de Ética da Presidência da República. O líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), acusa Cardozo de falta de decoro e de infringir o código de conduta da administração pública. Bueno pede que sejam tomadas providências e aconselha a demissão do ministro da Justiça.
Gleisi critica Barbosa
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), ex-ministra da Casa Civil no governo Dilma, defendeu Cardozo e criticou o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa. Irônica, Gleisi chamou de "no mínimo inusitado" o comportamento de Barbosa, por ter publicado em rede social críticas à conduta de Cardozo.
- O ex-ministro Joaquim Barbosa tem todo direito de falar o que ele quiser. Mas é no mínimo inusitado que, no meio da Sapucaí, pulando o carnaval, o ministro que nunca recebia advogados quando estava na Presidência do Supremo, numa postura autoritária, critique o ministro da Justiça e peça que ele venha a pedir a sua demissão - disse Gleisi.
A senadora petista disse que conviveu com Cardozo no Ministério e que ele não vai se negar a dar explicações:
- Tomaram (Cardozo) para Cristo. Querem fazer um carnaval dentro do carnaval. Conheço sua história e sua seriedade.
Ontem à noite, cerca de 60 manifestantes fizeram um panelaço em frente à casa de Cardozo, em São Paulo. Segundo a assessoria do ministro, nem ele nem seus parentes estavam em casa na hora do protesto.
- A nossa bandeira jamais será vermelha - gritavam os manifestantes, que faziam barulho com buzinas, panelas e um tambor, mas sem fechar o trânsito. O ato foi convocado pelo movimento Vem pra Rua, Brasil.
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