• Cunha já defende CPI comandada não só pelo PMDB
Luiza Damé, Simone Iglesias, Catarina Alencastro e Chico de Gois - O Globo
BRASÍLIA - Depois do feriado de carnaval, que passou na base militar de Aratu, na Bahia, a presidente Dilma Rousseff se reuniu no fim da tarde de ontem com ministros e assessores com o objetivo de discutir estratégias de reconciliação com os partidos da base aliada no Congresso. A preocupação central é a votação das medidas de ajuste fiscal que restringem o acesso a benefícios trabalhistas e tributários.
Durante a tarde, Dilma recebeu no Palácio da Alvorada os ministros Jaques Wagner (Defesa), Aloizio Mercadante (Casa Civil), Pepe Vargas (Relações Institucionais), Miguel Rossetto (Secretaria-Geral), Ricardo Berzoini (Comunicações) e José Eduardo Cardozo (Justiça), além de seu assessor especial Giles Azevedo. Na reunião, que durou cerca de uma hora e meia, foi avaliada a necessidade de reaproximação com o PMDB, partido do vice-presidente Michel Temer, e especialmente com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Depois que o governo tratou o peemedebista como adversário na disputa pela presidência da Casa, as relações azedaram.
Na semana passada, Dilma foi aconselhada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a repactuar a relação com o PMDB e a superar as divergências com Cunha. O realinhamento com os peemedebistas é visto no governo como a única forma de garantir a governabilidade e a aprovação das medidas de ajuste fiscal.
Ministros recebem deputados
Antes de irem para o Alvorada, Pepe, Giles e Mercadante se reuniram para acertar as datas de reuniões com senadores e deputados na próxima semana. Ficou estabelecido que, na terça-feira, cinco ministros receberão, no Palácio do Planalto, para um café da manhã, líderes dos partidos da base aliada e da oposição.
Na reunião, serão discutidas as medidas provisórias que limitam a concessão do seguro-desemprego e mudam as regras do abono salarial. Após o café da manhã, do qual participarão os ministros Nelson Barbosa (Planejamento), Manoel Dias (Trabalho), Carlos Gabas (Previdência), Pepe e Rossetto, o grupo encontrará os líderes da base aliada na Câmara. Outro café da manhã está previsto para ocorrer na quarta-feira, com deputados aliados.
No exterior, o presidente da Câmara sinalizou ontem que pretende distensionar a relação com o governo Dilma e o PT. Depois de deixar o partido fora do comando da reforma política e de impor uma série de derrotas para o governo, Cunha defendeu de forma velada, em sua conta no Twitter, que o comando da CPI da Petrobras seja dividido entre os blocos peemedebista e petista.
O bloco formado pelo PMDB e mais 11 partidos, por ser o maior da Câmara, tem o direito de indicar o presidente, e, regimentalmente, é este quem aponta o relator. Parlamentares do bloco peemedebista não estão dispostos a entregar ao PT a relatoria de uma CPI, mas Cunha quer manter a tradição de dividir o comando. Alguns peemedebistas criticaram o agrado ao PT. "Não acho uma boa sinalização à sociedade fazer essa concessão ao PT, passará a impressão de que está havendo um acordo para nada se apurar", escreveu no Twitter Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA).
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