Esse
vírus não cessa de nos surpreender
É
com a vacina que
controlaremos a pandemia de Covid-19, mas vai dar trabalho.
A
boa notícia vem de Israel e
do Reino Unido. Com respectivamente 116 e 87 doses aplicadas para cada 100
habitantes, os dois países viram suas curvas de mortes, hospitalizações e
infecções baixarem significativamente e parecem estar retomando algum tipo de
normalidade. Em Israel, houve celebrações presenciais de Páscoa —e não porque
um magistrado assim o quis, mas porque os dados epidemiológicos sugeriam que
era seguro fazê-las.
A má nova vem do Chile e dos EUA. Com respectivamente 56 e 49 doses por 100 habitantes, as duas nações vinham conseguindo baixar as transmissões, mas, nas últimas semanas, viram os números voltar a subir. O principal suspeito é a disseminação de variantes virais mais infecciosas. O cúmplice é o relaxamento dos cuidados não farmacológicos, mais ou menos inevitável quando as pessoas se sentem mais seguras.
Em
Israel e no Reino Unido, o problema das variantes não ficou muito evidente
porque a vacinação em massa ocorreu quando uma delas, a B.1.1.7,
já circulava com força nos dois países. O que provavelmente ocorreu é que a
maior transmissibilidade/virulência dessa cepa retardou os benefícios da
vacinação, mas isso é mais difícil de perceber do que inversões na curva de
contágios.
O
Brasil, com 10 doses por 100 habitantes, está longe dos níveis estimados para a
proteção comunitária, que só chegaria quando de 70% a 90% da população estiver
imunizada, mas já enfrentamos o poder destrutivo de pelo menos uma das
variantes.
A
grande questão, enquanto a imunidade coletiva não chega, é se estaremos
sujeitos a reedições do caos a cada nova variante que passar ou se, de alguma
forma, ter lidado com uma já protege contra a próxima.
A
notável convergência evolutiva das cepas que causam preocupação sugere alguma
proteção, mas esse vírus não cessa de nos surpreender.
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