Um
dia ele terá de responder por tentar induzir o povo brasileiro ao suicídio em
massa
Numa
coluna há meses ("Saída
para Trump: matar-se", 10/1), sugeri a Donald Trump, ainda presidente
dos EUA, que, diante de sua derrota para Joe Biden e pelo fracasso em tornar-se
o novo Hitler, desse um tiro no peito e se convertesse em mártir. E a Jair Bolsonaro,
seu obsceno papagaio, que o imitasse no tresloucado gesto. Bastou para que um
advogado particular de Bolsonaro, então dando expediente como ministro da
Justiça, anunciasse a abertura de inquérito pela PF para apurar por que eu
escrevera aquilo.
Há uma lei, com que concordo, segundo a qual induzir alguém ao suicídio é crime. Mas duvido que se aplique a um colunista de província que recomenda isso ao homem mais poderoso do mundo e a um sujeito eleito com 57 milhões de votos. Imagine Trump e Bolsonaro, mesmo por um segundo, avaliando minha sugestão! A ideia era deliciosa, mas nunca esperei que a seguissem. A Casa Branca, claro, me ignorou, mas o dito ministro, atracado aos baixos meridianos do chefe, ameaçou uma investigação. Os anais da lei ainda tentam descobrir como se investiga uma opinião.
Se
induzir uma pessoa ao suicídio é crime, eu me pergunto como Jair Bolsonaro
responderá um dia à acusação de induzir o povo brasileiro ao suicídio em massa,
estimulando-o a aglomerar-se em multidões, sem máscara, desprezar a vacina e,
depois de contraída a Covid, tratar-se com xaropes e cloroquinas, sabe-se
agora, letais.
E
não responderá sozinho. Para implantar tal política suicida, Bolsonaro
escora-se em médicos que põem a ideologia acima da ciência, no "seu"
Exército e, hoje, num juiz do STF. Como explicar que as maiores taxas de
contágio do vírus no país estejam justamente nos municípios
e regiões que mais votaram em Bolsonaro?
Ao
fazer com que seus seguidores se exponham a tal risco, é como se Bolsonaro lhes
dissesse: "Todos vamos morrer. Aproveitem e matem-se por mim".
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