Ao
tomar posse, o chanceler Carlos Alberto França prometeu correr atrás de
vacinas, valorizar o multilateralismo e apoiar o combate às mudanças
climáticas. Tudo o que o Itamaraty se recusou a fazer na primeira metade do
governo Bolsonaro.
O
novo ministro afirmou que o diplomata deve agir como um construtor de pontes.
Seu antecessor se empenhou na tarefa de dinamitá-las.
Em
dois anos e três meses, Ernesto Araújo conseguiu se indispor com a China, a
Índia, a Alemanha, as Nações Unidas e os EUA pós-Trump. Ele também hostilizou
nosso principal vizinho. Horas depois da eleição na Argentina, tuitou que
“forças do mal” celebravam a vitória de Alberto Fernández.
França lembrou que o Brasil sempre foi um ator relevante nos fóruns internacionais. Não precisou dizer que esse patrimônio foi desprezado por Ernesto. Na gestão passada, o Itamaraty renegou suas tradições e fez uma opção pelo isolamento. O país levará tempo para reparar o estrago.
Ontem
o novo chanceler se limitou a fazer uma menção protocolar ao antecessor. Sem
criticá-lo, indicou uma guinada para uma política externa movida pelo
pragmatismo e pela racionalidade. O discurso sinalizou um Itamaraty com mais
Rio Branco e menos Olavo de Carvalho.
A
questão agora é saber se Bolsonaro e seus filhos darão aval à mudança. Até
aqui, os auxiliares que não abraçaram o radicalismo do chefe tiveram vida curta
na Esplanada.
Nomeado
por um negacionista, França informou que vai procurar governos e laboratórios
para mapear as vacinas disponíveis. Uma tarefa essencial, negligenciada durante
o reinado de Ernesto.
O
ex-chanceler tomou posse com uma performance histriônica, em que prometeu
“libertar o Itamaraty” e repetiu chavões de extrema direita. Seu sucessor
estreou com um falatório sóbrio e salpicado de platitudes. França só chamou a
atenção porque fez um discurso normal. No Brasil de 2021, um ministro normal é
quase um revolucionário.
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Ao ultrapassar as 4 mil mortes diárias pela Covid, o país dá novo sentido à frase de Oswald de Andrade: “O Brasil é uma república federativa cheia de árvores e de gente dizendo adeus”.
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