Por Bruna Lessa / O Globo
Em São Paulo, apoiadores de Bolsonaro levam 42,2 mil às ruas
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi
Hoffmann, criticou neste domingo apoiadores do ex-presidente Jair
Bolsonaro que exibiram bandeiras dos Estados Unidos durante
manifestações em defesa de anistia ao ex-mandatário.
— Essa é a nossa diferença com os
bolsonaristas: batemos continência para a bandeira brasileira. Exaltamos a
bandeira do Brasil, do povo brasileiro — escreveu a ministra em publicação nas
redes sociais.
As críticas ocorreram no mesmo dia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou do desfile de 7 de Setembro em Brasília, marcado pela ênfase na soberania nacional. Neste ano, a Esplanada dos Ministérios foi decorada com o slogan “Brasil Soberano”, e o governo buscou reforçar a imagem de independência diante do tarifaço imposto pelo governo dos Estados Unidos.
Enquanto Lula exaltava a soberania nacional
em palanque ao lado de ministros e aliados, a oposição bolsonarista foi às ruas
pressionar pela aprovação de um projeto de lei de anistia que pode beneficiar
Bolsonaro e outros investigados pelos atos de 8 de janeiro de 2023. Segundo
monitoramento do Cebrap, a manifestação na Avenida Paulista reuniu cerca de
42,2 mil pessoas, enquanto em Copacabana, no Rio, outro ato bolsonarista
mobilizou aproximadamente 42 mil participantes.
Já os atos convocados pela esquerda, em São Paulo e no
Rio, reuniram aproximadamente 8,8 mil e 4 mil pessoas, respectivamente. Nessas
mobilizações, lideranças políticas e sindicais ressaltaram a necessidade de
barrar a anistia e reforçaram o alinhamento com a narrativa do governo sobre a
defesa do Brasil frente a pressões externas.
Lindbergh
Farias critica Tarcísio
de Freitas
O deputado Lindbergh Farias (PT) criticou
neste domingo a postura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas
(Republicanos), durante atos bolsonaristas na Avenida Paulista. Segundo Farias,
o discurso do governador representou “um ataque frontal ao Supremo Tribunal
Federal (STF)” e uma tentativa de pressionar o tribunal no julgamento de Jair
Bolsonaro e demais envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
— Tarcísio não age como governador, mas como
advogado de Bolsonaro. Quem ataca ministros e defende anistia para
conspiradores não luta por liberdade: legitima o crime, sabota a Justiça e abre
caminho para novos atentados contra a democracia — escreveu o deputado em suas
redes sociais.
Durante ato na Avenida Paulista, o governador
de São Paulo, Tarcísio de Freitas, defendeu a concessão de anistia a Jair
Bolsonaro e criticou o que chamou de "tirania" do ministro Alexandre
de Moraes, do STF. Enquanto o governador falava, manifestantes passaram a
gritar "fora, Moraes".
— Por que vocês estão gritando isso? Talvez
porque ninguém aguente mais. Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como
Moraes. Ninguém aguenta mais o que está acontecendo nesse país — respondeu
Tarcísio.
O governador questionou a validade das provas
apresentadas contra Bolsonaro e aliados no processo sobre os atos de 8 de
janeiro de 2023 e chamou de "mentirosa" a delação de Mauro Cid,
ex-ajudante de ordens de Bolsonaro que colaborou com as investigações.
— Tentam criar uma narrativa de que o 8 de janeiro foi uma tentativa de golpe de Estado. Todos os advogados disseram que não conseguiram fazer a defesa. Será que isso nos dá um julgamento justo? Não existe documento, não existe ordem. Como vou condenar uma pessoa sem nenhuma prova? Se a gente está aqui hoje defendendo a anistia, essa anistia tem que ser ampla — afirmou.
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