Os tribunais de contas necessitam de uma faxina geral. Não podem ser indicados para um cargo perpétuo através de acertos políticos. Houve um caso famoso no Rio de Janeiro. A maioria dos vereadores queria se livrar do colega Maurício Azedo (foi depois presidente da ABI) porque ele não participava das tramóias. E aí se livraram dele, escolhendo-o para o Tribunal de Contas da cidade.
Mas esse foi um caso raro. A regra geral é escolher como um prêmio ao “coleguismo”.
Editor-chefe recente do Jornal dos Sports fui pleitear ao Secretário de Esportes da Prefeitura o patrocínio de um campeonato de esporte amador. Ele concedeu uma pequena verba e, meses depois, voltei lá e pedi apoio para outra competição amadora.
A resposta foi de franqueza assustadora: “Olha, Milton, você até hoje não trouxe os 35% de praxe que o jornal sempre trouxe para o ex-Secretário e, depois, pra mim.”
O ex-Secretário, eleito vereador, já havia sido escolhido pelos novos colegas para o Tribunal de Contas do município. E, bom cupincha, ensinara ao sucessor como “administrar” a Secretaria de Esportes.
Agora, Elio Gaspari, em sua excelente coluna publicada por vários jornais, conta como a filha do presidente do TC municipal do Rio, Thiers Montebello, já estava sendo nomeada para conselheira do TC do Estado do Rio - num processo super-rápido: em menos de uma semana, o governador Pezão assinou a nomeação, a Assembléia sabatinou e aprovou a moça. Que só ainda não está no cargo porque o Procurador da instituição está pedindo exame mais cuidadoso de todo o processo – a mãe da moça também trabalha na fiscalização.
O erro não é o excesso de camaradagem ou zelo familiar. É o processo de escolha que devemos mudar. E não pode ficar só nas mãos dos políticos. A seleção tem de também passar por outros órgãos de representação da cidadania.
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