quarta-feira, 31 de dezembro de 2025

Opinião do dia – Nicolau Maquiavel*

“É fácil de entender: não é o bem particular, mas o bem comum o que engrandece as cidades. E, sem dúvida, este bem comum não é observado senão nas repúblicas, porque tudo o que é feito, é feito para seu bem, e embora aquilo que se faça cause dano a um ou outro homem privado, são tantos os que se beneficiam que é possível fazer as coisas contra a vontade dos poucos que sejam oprimidos por elas. O contrário acontece quando há um Príncipe e, na maioria das vezes, o que é feito em seu favor ofende a cidade, e o que se faz pela cidade o ofende”.

*Nicolau Maquiavel (1469-1527), Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio, 2000. p. 139

Poesia | Receita de Ano Novo, de Carlos Drummond de Andrade - Por Marília Gabi Gabriela

 

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Empreendedor brasileiro tem muito a ganhar com IA

Por O Globo

País não tem chance de disputar liderança na nova tecnologia, mas ela abrirá inúmeras oportunidades

As empresas na vanguarda da inteligência artificial (IA) — todas americanas — investiram em 2025 cerca de US$ 400 bilhões. Isso equivale ao quádruplo do que a Petrobras, maior empresa do Brasil, pretende investir nos próximos cinco anos. Na briga para tentar desenvolver um modelo de IA capaz de superar a maioria dos seres humanos em várias tarefas, gigantes como OpenAI, Anthropic ou Google não param de captar capital e aplicá-lo na construção da infraestrutura necessária para desenvolver modelos mais e mais poderosos. Vislumbra-se um impacto transformador em praticamente toda a economia global.

Banco Central e a pressão de mão dupla. Por Vera Magalhães

O Globo

Se houve negligência ou avaliação incorreta dos riscos oferecidos pelo Master, isso deve ficar claro

A economia brasileira vai terminando 2025 demonstrando resiliência maior que a calculada e descrevendo um pouso bem mais lento que o esperado diante de um choque de juros duradouro como o praticado pelo Banco Central.

Do ponto de vista da economia real, o governo tem muito bumbo para bater, a despeito da permanência dos juros altos. O desemprego fechará o ano na menor taxa histórica, a inflação, mesmo beirando o topo da meta, foi domada, e o PIB deverá crescer acima do projetado pelo terceiro ano consecutivo. Esses deverão ser alguns dos estandartes de Lula na campanha à reeleição, encorpando o discurso de um mandato dedicado a reduzir as desigualdades econômicas e sociais.

O funeral da Bardot. Por Elio Gaspari

O Globo

Brigitte, Marilyn e Greta Garbo, três mulheres do século XX

O ano de 2026 começará com o funeral de Brigitte Bardot, símbolo de uma libertação feminina. Bonita e irreverente, colecionou namorados (dez mais ou menos duradouros), transformou duas aldeias de pescadores (Saint-Tropez e Búzios) em pontos turísticos.

Ao chegar ao Rio, linda, depois de 12 horas de voo, deu uma entrevista coletiva e ouviu uma pergunta do repórter Orion Neves:

— A senhora pretende ter um filho brasileiro?

Resposta rápida:

— Com quem, com você?

Todos os filhos dos presidentes. Por Marcelo Godoy

O Estado de S. Paulo

Lula e Bolsonaro têm de lidar com as novas confusões em torno de suas proles neste decisivo 2026

Desde 1954 a Nação não se debruçava tanto sobre o que se diz e se pensa a respeito de familiares de um presidente. A cena atual tem um complemento único na história do País: as atenções também voltadas para as confusões dos filhos de um ex-presidente.

É notável a insistência com que os nomes da prole de Lula aparecem nas investigações da Polícia Federal. Primeiro foi o enteado, Marcos Cláudio Lula da Silva. Ele surpreendeu os agentes que bateram na porta da casa de sua ex-mulher, Carla Ariane Trindade, em Campinas, para cumprir um mandado de busca durante a Operação Coffee Break. Eram 6 horas, horário incomum para um ex-marido abrir a porta da casa da ex-mulher. Enfim, a ex-nora é suspeita de receber propinas de um empresário preso na operação, em 12 de novembro. Na mesma investigação surgiu um ex-sócio de Fábio Luís, o Lulinha.

Olhar as árvores do caminho. Por Nicolau da Rocha Cavalcanti

O Estado de S. Paulo

Talvez um dos grandes desafios para 2026 seja ter e manter o olhar amplo, não restrito aos nossos interesses imediatos

Aproveito a data para reiterar o que escrevi em alguns cartões de Natal: que, em 2026, faça tempo bom e possamos contemplar as árvores do caminho. Admito: escrevi sobretudo para mim mesmo.

Com frequência, esqueço-me de que, seja qual for o tempo, é muito bom olhar as árvores do caminho. Especialmente nos dias difíceis, este gesto dos olhos – esta atitude do espírito – faz toda a diferença. E, muitas vezes, não é fácil.

Olhar as árvores do caminho é ter calma. É não achar que o que estamos fazendo é a coisa mais importante do mundo. É permitir-se parar: reparar na calçada, nos outros, na arquitetura, no céu, na árvore – em sua sombra, em sua cor, que nunca é a mesma. É aproveitar, no trânsito, o sinal fechado para ver, com olhos novos, a cidade, as pessoas, a vida fora das telas.

Nervosismo com os fundos do Master. Por Vinicius Torres Freire

Folha de S. Paulo

Polícia Federal e Ministério Público investigam andanças suspeitas de dinheiro

Sanções contra Moraes também levaram certos bancos a se indispor com o ministro

Há muita gente nervosa desde a prisão de Daniel Vorcaro e da liquidação do banco dele, o Master. Há gente nervosa por vários motivos, alguns ainda pouco claros.

Há gente nervosa porque Polícia Federal e Ministério Público já investigam faz cerca de um mês outro tipo de operação do Master sob suspeita, de acordo com investigadores. O banco fazia empréstimos para empresas, arroz com feijão, nos conformes. Emprestado, o dinheiro parecia ter um destino interessante. Estacionava em certos fundos.

O que será do amanhã em 2026? Por Dora Kramer

Folha de S. Paulo

Perspectivas são especialmente traiçoeiras na política, pois estão submetidas aos movimentos das nuvens

O ano eleitoral será produtivo ou improdutivo, a depender das escolhas de representantes e representados

Retrospectivas são mais fáceis de fazer, já que não se prestam ao cotejo com a realidade e lapsos de memória contam com os auxílios digitais. Perspectivas sobre o ano que começa daqui a pouco, no entanto, é que são elas.

Especialmente traiçoeiras na política, tema submetido aos notórios movimentos das nuvens. Isso quando não mudam ao sabor de tempestades.

Daí que o escrito no apagar de 2025 não necessariamente valerá como previsto no amanhã de 2026. Feita a ressalva, vamos ao que talvez nos reserve o novo ano.

O que 2025 ensinou à democracia. Por Wilson Gomes

Folha de S. Paulo

Autoritarismo e limites ao pluralismo marcaram o ano

Direita e esquerda têm dificuldade com o dissenso

Esta coluna de fechamento de 2025 é uma retrospectiva. Não dos fatos do ano, mas das preocupações que orientaram nossa navegação por eles —sobretudo daquelas ligadas à comunicação política e aos dilemas da democracia brasileira, searas em que me atrevo a opinar.

Ao longo dos meses, diferentes episódios, sob formas variadas, foram sendo lidos —noto agora— à luz de um mesmo campo de problemas: autoritarismo, radicalização eleitoral, crise do pluralismo e dificuldades crescentes de governar e disputar legitimidade em um ambiente polarizado.

Logo no início do ano, já era evidente que a comunicação política não seria um tema lateral, mas um teste da capacidade efetiva de governar sob ataque. A incapacidade do governo de antecipar crises, reagir rapidamente e disputar percepções —como no episódio do Pix— revelou vulnerabilidades profundas em sua comunicação. Ao mesmo tempo, a persistência do bolsonarismo indicava que a conquista do imaginário brasileiro pelos radicais não havia sido superada.

Música | Chico Buarque & Milton Nascimento - O que Será

 

Música - Fafá de Belém canta 'Vermelho'' | Altas Horas 10/05/2025