Lula tem uma história pessoal admirável. Nascido pobre em Caetés, Pernambuco, migrou para São Paulo, onde se formou no SENAI no curso de torneiro mecânico e se tornou metalúrgico no ABC paulista. Daí, começou na vida sindical, sendo assessor e diretor do Sindicato dos Metalúrgicos. Nunca quis entrar no Partido Comunista Brasileiro de seu irmão Frei Chico. Cresceu sob as asas de Paulo Vidal, então presidente do sindicato, que o fez seu sucessor, sendo formado dentro da cultura do “sindicalismo de resultados” treinado pela escola americana. Liderou as grandes greves no ABC em 1978, 1979 e 1980 e se tornou um líder nacional. Seu carisma e liderança amadureceram nas grandes e históricas assembleias no Estádio Vila Euclides. Lembro que no movimento estudantil fazíamos coleta de doações para o fundo de greve do ABC.
Incialmente, tinha posição
classista e economicista antipolítica. Foi preso em 1980. E recebeu a
solidariedade dos democratas de todo o Brasil. Tempos depois, liderou a
fundação do PT, se tornou deputado constituinte, teve três derrotas em eleições
presidenciais, até que em 2002 se torna o primeiro operário a chegar à
Presidência da República. Ninguém faz uma trajetória pessoal dessas por acaso.
Maquiavel dizia que o “Príncipe” para ter êxito precisaria de virtude e sorte.
Lula demonstrou inegavelmente possuir esses dois elementos essenciais.
Durante todo o regime militar
imperou o bipartidarismo, com a Arena, sustentando o governo, e o MDB,
representando as oposições. Após a anistia; o fim do AI-5 e da censura; a crise
econômica no governo Figueiredo, que combinava inflação, recessão e
estrangulamento externo; o desgaste dos militares pela longa permanência no poder;
os resultados expressivos do MDB nas eleições de 1974 e 1978; o “intelectual
orgânico” do governo militar, General Golbery do Couto e Silva, engendrou a
estratégia de dividir as oposições para as eleições de 1982, com a reforma
partidária e o fim do bipartidarismo.
Em 20 de dezembro de 1979, o Congresso Nacional aprova a Lei 6.767, extinguindo a Arena e o MDB, e flexibilizando a criação de novos partidos. Aí nasceu o PT. Foram criados o PDS, sucedâneo da Arena; o PDT de Leonel Brizola; o PTB de Ivete Vargas; o PMDB, tendo a frente Ulysses Guimarães e o PP, como partido de centro moderado, unindo os rivais eleitorais de 1962 em Minas, Magalhães Pinto e Tancredo Neves. O roteiro imaginado por Golbery seria completamente realizado se não fosse um tropeço: o estabelecimento do voto vinculado. Com isso, percebendo as artimanhas do “bruxo do Planalto”, Tancredo Neves e Ulysses Guimarães promoveram a fusão de PMDB e PP, e o PMDB reassumiu a feição de grande e ampla frente democrática.
Voltaremos ao tema na próxima semana.
*Marcus
Pestana, ex-deputado federal (PSDB-MG)
Um comentário:
Pestana devemos ser objetivos e centrar as criticas ao Lulo petismo do mensalão pra cá. Tanto a ação criminosa que resultou numa tentativa de golpe branco de estado que foram o mensalão e o petrolão como a politica suicida do PT em 2018, disputando uma eleição como se tivesse chance real de vencer o pleito. Todas as pesquisas indicavam sua derrota politico eleitoral e isso resultou naquele trágico segundo turno com a vitória de Bolsonaro. Nunca em momento nenhum se viu qualquer tentativa de auto critica ou reconhecimento dos erros crassos cometidos nessa politica que me desculpe a expressão mas cagou um balde para o povo brasileiro. Portanto uma perspectiva eleitoral com Lula continua sendo nociva e nefasta.
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