E
o governo paralisado pelas ambições pessoais e delírios do chefe
Imagine
a paciência que os aspones são obrigados a ter com Bolsonaro nesses dias em que
a popularidade do chefe despenca como
laranja bichada. Convencê-lo, por exemplo, de que a vacinação é a melhor e mais
eficiente maneira de estancar o avanço da Covid-19:
"E se o senhor, digamos, o senhor que está perto de completar 66 anos, digamos que o senhor aproveite a data que se aproxima para entrar na fila com outros brasileiros da mesma idade e tomar a primeira dose, veja bem, a primeira, depois o senhor teria de tomar a segunda, e, mostrando o braço de atleta, receber a vacina e provar que o senhor não tem medo da picada e, digamos, que está a favor da vacinação?".
Se
não xingasse os assessores ou encerasse a conversa abruptamente, como costuma
fazer diante das perguntas incômodas de jornalistas, Bolsonaro teria um bom
tempo para pensar na resposta. Seu aniversário é neste domingo (21), mas a
vacinação está devagar, quase parando. No ritmo atual, a cobertura de 70% da
população, a mínima necessária para que haja imunidade coletiva, não virá em
2021. As mortes, sim, deverão chegar a 300 mil ainda neste mês.
Os
conselhos para que Bolsonaro pare de negar a gravidade da pandemia —o que faz
desde março do ano passado, quando promoveu aglomerações em frente ao
Ministério da Saúde para criticar soluções sanitárias do próprio órgão— foram
reforçados depois da ressurreição de Lula. O capitão anda tão nervoso que não
se pode mais nem chamá-lo de "pequi roído", pois lá vem processo.
Não
está no seu horizonte nenhuma mudança na retórica populista que combate as
medidas severas de isolamento. Bolsonaro enxerga nelas um complô, uma guerra
contra sua reeleição —única coisa a que se dedica. Tanto que agravou a crise
federativa ao pedir ao STF que restrinja o poder de governadores. Mais
desperdício de tempo, significando mais vidas perdidas.
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