Folha de S. Paulo
Republicanos sofreram derrotas importantes em
pleitos da semana passada
Inflação é uma das causas do fenômeno, que
pode reaparecer nas eleições de meio de mandato
Os republicanos, liderados por Donald Trump,
tomaram uma surra nas urnas nas localidades em que houve eleições na semana
passada. O destaque midiático é a vitória de
Zohran Mamdani em Nova York,
mas o fenômeno é mais generalizado.
É verdade, como observou o presidente americano, que seu nome não constava das cédulas, mas ainda assim ele tem muito a ver com a derrota de seus correligionários. A análise das pesquisas mostra que vários grupos demográficos que votaram em Trump no ano passado agora se rebelaram contra os republicanos em boa medida por insatisfação com os rumos econômicos do país.
A inflação,
que já derrubara Biden/Harris, não só não arrefeceu sob Trump como ainda
experimentou alguma aceleração. E, para piorar um pouco as coisas para o Agente
Laranja, ele mente compulsivamente sobre o comportamento dos preços, como os
americanos podem constar em seus próprios bolsos. Não se trata de algo
incidental.
A política de tarifas é inflacionária. Com
isso, ganha força o cenário no qual Trump perde uma ou as duas Casas do
Legislativo nas eleições de 2026 e se torna, na segunda metade de seu mandato,
um presidente bem mais fraco do que foi na primeira. Essa é mais ou menos a
ordem natural das coisas nos EUA, onde o mais comum é os mandatários sofrerem
reveses nas eleições de meio de mandato.
O problema da política é que ela não é uma
ciência exata. Mesmo tendências econômicas poderosas podem ser momentaneamente
contrabalançadas por fatos novos e até gestos tresloucados.
Uma coisa que sempre funciona nos EUA é
inventar um conflito externo para despertar os brios nacionalistas dos
eleitores. Não custaria muito para Trump, já conhecido por seu temperamento
mercurial, iniciar uma guerra em outubro para tentar reverter um fracasso
eleitoral em novembro.
Se a incompetência econômica do presidente o
põe no caminho de uma derrota em 2026 e do ocaso político a partir de 2029, ela
paradoxalmente também o torna um agente mais errático e perigoso em horizontes
mais curtos.
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