O Globo
Em ritmo de campanha, presidente comeu açaí,
inaugurou obras e quase perdeu voz de tanto discursar
Deu no Diário Oficial: de 11 a 21 de
novembro, a capital do Brasil fica transferida para Belém. Lula parece ter
levado a Lei 15.251 a sério. Nos últimos dias, carregou 28 ministros para
circular na cidade-sede da COP30.
Em campanha aberta à reeleição, o presidente apostou alto na conferência amazônica. Visitou aldeia indígena e quilombo, tomou açaí, inaugurou obras e quase perdeu a voz de tanto discursar. Só na cúpula dos líderes, fez cinco pronunciamentos em dois dias.
A COP recolocou Lula no centro do palco
internacional. No front externo, ele voltou a pontificar como líder do Sul
Global. Defendeu a troca da dívida de países pobres por serviços ambientais,
lançou um fundo de preservação de florestas e cobrou grandes poluidores a
financiarem ações contra o aquecimento do planeta.
No front doméstico, o presidente capitalizou
resultados da gestão de Marina Silva no Meio Ambiente, como a redução dos
incêndios florestais e a menor taxa de desmatamento na Amazônia em uma década.
Ao desfilar os números, expôs o contraste com o antecessor, que tratava
ambientalistas como inimigos e fazia piada com o apelido de “Capitão
Motosserra”.
Ontem uma pesquisa da Quaest informou que 41%
dos brasileiros acreditam que a COP vai trazer resultados positivos para o
Brasil. Apenas 7% preveem saldo negativo, enquanto outros 41% acham que a
cúpula “não fará diferença”. Segundo o mesmo levantamento, quase todos (94%)
percebem mudanças no clima, como calor mais intenso e secas mais longas.
Os números sugerem que insistir no
negacionismo não será bom negócio nas urnas. A ver se os protestos programados
contra a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, apoiada por Lula, serão
suficientes para arranhar a imagem verde que ele busca projetar.
Na política paraense, a COP
virou ativo para os Barbalho. O governador Helder, que se reelegeu com 70%
dos votos, agora saboreia uma temporada de projeção nacional. A cúpula animou a
família a preparar uma dança de cadeiras nas eleições de 2026. O patriarca
Jader Barbalho promete se aposentar, mas o clã terá candidatos ao Senado, à
Câmara e à Assembleia Legislativa.
O desafio é convencer os eleitores de que a
COP deixará um legado permanente — o que nem sempre acontece após grandes
eventos internacionais.

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