Folha de S. Paulo
Estados e municípios reservam R$ 12,3 bi,
aponta estudo, e governo federal tem emenda informal
Novo cenário desafia órgãos de controle a
acompanhar sistema pulverizado e disposto a escapar da fiscalização
Verbas bilionárias indicadas por
parlamentares têm avançado sobre terrenos menos expostos
ao controle do
Judiciário e da opinião pública.
Estudo feito por consultores da Câmara mostra
que ao menos 23 unidades da Federação reservam cerca de R$ 11,1 bilhões em
emendas impositivas de deputados estaduais, enquanto vereadores decidem o
destino de mais R$ 1,2 bilhão em metade das capitais.
O levantamento encontrou cópias das chamadas emendas Pix em 20 estados, além de "uma diversidade de critérios" para definir o total de repasses. São situações que abrem margem para questionamentos jurídicos.
Ainda que as emendas locais também sejam
impactadas pelas decisões
recentes do STF, a ramificação da verba dificulta o controle. O
cenário fica mais cinzento com movimentos do governo federal para entregar ao
Congresso parcelas do Orçamento que não estavam marcadas como emendas.
No Ministério da Saúde, uma fatia de quase R$
5 bilhões é tratada nos
bastidores como emenda informal. O governo nega a existência
das indicações paralelas ou secretas, mas ofícios, publicações nas redes e
falas dos próprios parlamentares indicam o contrário.
O impacto da explosão de emendas é palpável.
Em 2025, o governo deve
empenhar cerca de R$ 50 bilhões, quase dez vezes mais do que em
2015. As emendas consomem até
70% dos recursos para custeio e investimento dos ministérios,
expondo um cenário de dependência desta verba.
O estudo da Câmara ainda aponta que as
emendas respondem por cerca de 30% dos investimentos de alguns estados, como
Minas Gerais e Rondônia. O levantamento mostra que pequenos municípios já
reservam verbas a vereadores, como os R$ 210 mil para cada representante de
Santa Rosa de Viterbo (SP).
O novo cenário exige debates mais sérios
sobre a função das emendas. Ainda impõe aos órgãos de controle o desafio de
acompanhar um sistema cada vez mais pulverizado e disposto a escapar das
fiscalizações.

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