Aliados não querem financiar Alckmin
Por Vandson Lima e Andrea Jubé | Valor Econômico
BRASÍLIA - Candidato a presidente da maior coligação desta eleição, com nove partidos e 44,4% do tempo disponível para rádio e TV, Geraldo Alckmin não contará com qualquer ajuda financeira das legendas a ele aliadas.
Segundo dirigentes das siglas envolvidas, não há expectativa de que DEM, PP, PRB, PR, SD, PPS, PTB e PSD aportem dinheiro na campanha de seu candidato ao Palácio do Planalto. E nem poderiam, alegam. Com bancadas hoje muito maiores do que as que elegeram em 2014, esses partidos concentrarão seus recursos em custear as campanhas de seus congressistas para, ao menos, manter o tamanho - e influência - que têm hoje no Congresso Nacional. A bancada eleita em 2014 é um dos critérios usados para a distribuição do fundo partidário de R$ 1,72 bilhão.
"Não temos condições para isso [dar dinheiro para a campanha de Alckmin]. O DEM está apertadíssimo, pois temos uma receita que espelha o tamanho do partido no passado", diz o presidente do DEM, Antonio Carlos Magalhães Neto. Em 2014, o DEM elegeu apenas a décima bancada da Câmara, com 21 membros. O partido mais que dobrou no período: tem hoje 43 integrantes, quinta maior bancada. "Hoje o nosso tamanho é incompatível com a nossa receita", continua Neto. O DEM terá a oitava maior fatia do fundo, com R$ 87,5 milhões.
O PP indicou a candidata a vice na chapa de Geraldo Alckmin, a senadora pelo Rio Grande do Sul, Ana Amélia. Mas essa indicação não implica necessariamente em repasse de recursos da cota feminina do fundo eleitoral do PP para a campanha majoritária tucana. Seguindo a lei eleitoral, do total de R$ 39,3 milhões destinado à campanha das candidatas mulheres da sigla, nenhum centavo do PP será repassado ao cabeça da chapa presidencial por conta da vice.
O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), esclarece que, quando a Executiva Nacional do partido se reuniu para definir os critérios de distribuição dos recursos do fundo eleitoral de R$ 131 milhões, não havia previsão de que Ana Amélia seria a vice na chapa. De fato, reunião foi realizada no dia 4 de julho, e somente um mês depois, no dia 2 de agosto, a senadora foi escolhida por Alckmin para ser sua companheira de chapa.
"Se a gente tivesse decidido isso antes da reunião da Executiva, poderíamos ter colocado algum recurso na campanha", disse Nogueira. "Mas toda a distribuição do fundo tem que ser aprovada pela Executiva e encaminhada ao TSE. Quando isso foi feito, não tínhamos a previsão da vice, e por isso não consta nenhum tipo de doação para a campanha presidencial", justificou.
Em um bloco formado com Podemos e Avante, o PP integra a maior bancada da Câmara com 70 deputados. O PP sozinho tem 49 deputados em exercício: com a oferta atraente de garantir R$ 2 milhões para as campanhas de deputado federal, Nogueira atraiu mais 11 parlamentares para o seu time. O PP elegeu 38 deputados em 2014. Caso Ana Amélia fosse candidata à recondução no Senado, o PP repassaria para sua campanha R$ 3 milhões.
Presidente do PRB, o ex-ministro de Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) Marcos Pereira também declarou que a sigla não vai contribuir para a campanha de Alckmin. O PRB mantém a mesma bancada da eleição de 2014, com 21 deputados federais.
Dos cinco partidos que integram o Centrão, apenas o Solidariedade encolheu: elegeu 15 deputados federais na última eleição, e chega ao fim da legislatura com 11. O PR do ex-deputado Valdemar Costa Neto também ampliou a bancada, de 34 para 40 parlamentares.
Tesoureiro do PSDB, o deputado Silvio Torres diz que o planejamento é mesmo custear a campanha de Alckmin com os R$ 43,3 milhões separados pelo próprio partido para a disputa presidencial. "Se alguém dos partidos aliados quiser nos dar mais algum dinheiro, aceitaremos de muito bom grado, muito mesmo. Mas não é essa a previsão", afirma com bom humor.
Para além do montante do fundo, os tucanos lançaram na semana passada uma plataforma on-line de doações para financiar a candidatura. No site juntos.geraldoalckmin.com.br, é possível contribuir com quantias de R$ 15, R$ 50 ou R$ 1064, limite diário por CPF previsto pelo TSE como forma de prevenir fraudes. A divulgação, reconhece Torres, ainda é tímida e poucos simpatizantes do PSDB foram informados da possibilidade. "Estamos vendo como propagandear a plataforma para o nosso eleitor", diz.
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