quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Denúncia de Gonet derruba teses de defesa de Bolsonaro - Míriam Leitão

O Globo

O procurador- geral da República, Paulo Gonetdenunciou ao todo 34 indiciados na tentativa de golpe, mas avisou que outros podem ser denunciados. Na sua lista estão todos os principais líderes da trama golpista, a começar do ex-presidente Jair Bolsonaro e os generais Braga Netto, Augusto Heleno, Mario Fernandes, Paulo Sérgio Nogueira, o ex-ministro Anderson Torres, o ex-diretor da ABIN, Alexandre Ramagem.

Entre os 34 denunciados, a maioria é militar. Além dos ex-ministros general Paulo Sérgio Nogueira, general Braga Netto e general Augusto Heleno, estão entre os denunciados o general Mauro Fernandes; o ex-comandante da Marinha o almirante Almir Garnier; o general Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, que chefiava o Coter, Comando de Operações Terrestres; o coronel da ativa Bernardo Romão Corrêa Netto; e o tenente-coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo.

Gonet faz uma linha dos eventos golpistas, desde 2021 até o 8 de janeiro de 2023, o que derruba a tese de que o ataque à sede dos três poderes não foi golpe porque não tinha comandante, que houve apenas atos de vandalismo. Ele nomeia todos os comandantes, historia os fatos, e afirma que o plano com o nome “sinistro” de “Punhal Verde e Amarelo” tinha a anuência do então presidente Jair Bolsonaro e foi estruturado no Palácio do Planalto.

A denúncia com clareza afirma que houve tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do presidente eleito, e manter no poder Jair Bolsonaro mesmo sem o respaldo das urnas. Elogia o trabalho da Policia Federal que tem “indicação de fontes, provas, indícios altiloquentes” e afirma que nessas evidências a denúncia se baseou.

Gonet considera que "o próprio Exército foi vítima da "conspirata". Ele lembra que os golpistas constantemente procuravam e provocam quem não queria fazer parte do plano. "Os oficiais generais que resistiram às instâncias dos sediciosos sofreram sistemática e insidiosa campanha pública de ataques pessoais, que foram dirigidos até mesmo a familiares".

Diante dessa denúncia, dificilmente prosperará a tentativa de anistiar previamente essas pessoas que aqui estão sendo arroladas. Bolsonaro e todo o seu núcleo enfrentará agora o julgamento da primeira turma do Supremo Tribunal Federal.

Por que os conspiradores guardaram tantas provas contra si, tantos documentos, lista de nomes, planos impressos e minutas de golpe? Provavelmente eles achavam que seriam bem sucedidos e que esses documentos seriam considerados históricos e eles, herois. Só isso explica a abundância de provas que estão mais uma vez expostos na denúncia do PGR.

 

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