O Estado de S. Paulo
Janja não pode responder por
erros do governo nem pela demora do presidente em tomar decisões
Desde que pesquisas
começaram a indicar acentuada queda na popularidade do presidente Lula, o
Palácio do Planalto busca um culpado para a crise. Lula reuniu o núcleo duro do
governo no domingo, na Granja do Torto. Na véspera, o ministro chefe da
Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, também teve uma conversa
reservada com sua equipe.
Na reunião do Torto, o diagnóstico indicou que os principais problemas estavam relacionados à economia. Na lista apareceram a divulgação da portaria sobre monitoramento do Pix sem combinar com os russos, a taxação das blusinhas e até a inflação dos alimentos.
As críticas mais fortes
partiram dos ministros da Casa Civil, Rui Costa, e de Minas e Energia,
Alexandre Silveira. Os dois disputam os rumos do governo com o titular da
Fazenda, Fernando Haddad, que não estava presente por causa da viagem ao
Oriente Médio. O vice Geraldo Alckmin, escanteado no Planalto, não foi
convidado.
Sidônio relatou que a queda
na aprovação do governo já era esperada e disse que a temporada de turbulência
pode demorar porque o efeito de “bondades”, como mais crédito consignado, leva
tempo para ser percebido.
O ministro também vai mudar
nomes de programas sem qualquer apelo popular, como o “Mais Acesso a
Especialistas”, do Ministério da Saúde.
Nos bastidores, dirigentes
do PT e ministros elogiam o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay,
que fez uma avaliação precisa sobre o terceiro mandato do presidente. Em carta
enviada a amigos, Kakay afirmou que “Lula está se esforçando muito para perder”
a reeleição, em 2026.
Integrante do grupo
Prerrogativas, que reúne advogados ligados ao PT, Kakay disse em público o que
todos falam em privado. Existe um novo Lula na praça, isolado. O receio, agora,
é de que Jair Bolsonaro (PL), mesmo denunciado por tentativa de golpe, consiga
unir a direita na próxima campanha.
Virar esse jogo, porém,
depende do próprio Lula. A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, não é
culpada por erros do governo e muito menos pelo fato de Lula ter se cercado de
políticos que só o bajulam.
Dificuldade para demitir e
fazer reforma ministerial Lula sempre teve, mas antes contava com um time de
conselheiros que apontava para ele a necessidade da correção de rota.
Nem sempre um dos grilos
falantes conseguia mudar a opinião do chefe e os embates acabavam aparecendo.
Certa vez, no primeiro mandato de Lula, um poderoso ministro fez um desabafo
durante reunião do PT: “Todos nós sabemos o nome da crise. Só não podemos dizer
qual é”. Qualquer semelhança com a realidade atual não é mera coincidência.
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