Folha de S. Paulo
Kakay disse a Lula, em público, verdades que
muito governista fala por aí no particular
Do jeito que vai, o PT —com Lula ou sem
ele— perde a eleição em
2026. Foi, em resumo, o
que disse Antônio Carlos de Almeida Castro, admirador e apologista das
ideias do presidente. Isso até segunda-feira (17), quando escreveu e depois
falou em voz alta o que governistas dizem no particular.
Kakay,
como é conhecido o advogado, expôs em detalhe o que Gilberto
Kassab havia dito há dias levando
Lula a usar de ironia: "Comecei a rir quando li a declaração do
companheiro Kassab".
Segundo o presidente do PSD, governo nenhum se sustenta com ministro da Fazenda fraco. Ele alertou para a necessidade de o presidente fortalecer Fernando Haddad (PT) a fim de chegar competitivo à eleição de 2026.
Pois Kakay, companheiro de fato, foi além ao
apontar com precisão o efeito do distanciamento de Lula da realidade à sua
volta: "Está se esforçando para perder a reeleição". Recado de amigo,
muito longe de poder ser visto como intriga do inimigo.
É uma crítica, claro, mas em tom de alerta de
quem está vendo o ambiente se deteriorar e apela por uma reação o quanto antes.
É muito diferente da posição dos adversários. Estes não externam apreensão;
antes olham a cena com satisfação.
Ministros e aliados integrantes do grupo para
onde foi dirigida inicialmente a análise não tiveram esse entendimento em
público. Dividiram-se entre o silêncio reverente, para não dar margem a maior
repercussão, e o levantar de peneiras, para tapar a escorchante luz do sol.
A linha de defesa foi a de alegar que a
situação é passageira, pois as pesquisas (principalmente
a mais recente do Datafolha) registram uma foto do momento. Um instantâneo
duradouro, digamos. A queda na aprovação do governo vem sendo constante e
desabou de dois meses para cá.
A conferir qual será a escolha de Lula: levar
em conta a avaliação sincera do confrade ou dar ouvidos às aleivosias dos
aduladores de plantão. Na primeira hipótese, terá chance de se reorganizar. Na
segunda, insistirá na persistência do erro para honra e gáudio da oposição.
Nenhum comentário:
Postar um comentário