O Estado de S. Paulo
Ex-ministra do Trabalho vence prévias da esquerda e será candidata governista na disputa pela sucessão de Boric
Jeannette Jara, ex-ministra do Trabalho de
Gabriel Boric, do Partido Comunista Chileno, venceu ontem as prévias da
coalizão governista e será a candidata da esquerda nas eleições presidenciais
de novembro no Chile.
Jara alcançou 60% das preferências, segundo dados oficiais do Serviço Eleitoral (Servel). Em segundo lugar, bem distante, ficou a ex-ministra Carolina Tohá, de centro-esquerda, com 27%. Em seguida, vieram Gonzalo Winter (9%), da Frente Ampla, partido de Boric, e Jaime Mulet (2,7%), do partido minoritário Federação Regionalista Verde Social.
A lei chilena proíbe o presidente de
concorrer a um segundo mandato consecutivo. A jornada eleitoral de ontem,
marcada pelo frio do inverno em boa parte do país, teve baixa participação.
Jara, advogada de 51 anos, surgiu como opção
presidencial após sua gestão como ministra do Trabalho conseguir reduzir a
carga horária semanal no Chile de 45 para 40 horas. Ela também impulsionou e
liderou negociações para a aprovação da reforma previdenciária.
Pouco mais de 1,3 milhão de eleitores
participou da votação, apesar de mais de 15 milhões estarem habilitados.
Somente os governistas optaram por primárias. Os outros setores, especialmente
a direita, já nomearam ou escolherão seus candidatos internamente.
Jara enfrentará a oposição dividida, mas
favorita: o ultradireitista José Antonio Kast, o libertário Johannes Kaiser e
Evelyn Matthei, representante da direita tradicional, ligada ao grupo do
ex-presidente Sebastián Piñera, que morreu em 2022, em um acidente de
helicóptero.
A candidata da coalizão governista terá pela
frente o desafio de se tornar uma figura competitiva e avançar nas pesquisas,
para ter chances de chegar a um segundo turno. “Embora Tohá fosse melhor
candidata para enfrentar a direita, a partir de agora tudo começa do zero e
dependerá de como Jara construir sua campanha”, disse Mireya Dávila, da
Faculdade de Governo da Universidade do Chile. “É preciso observar como será
sua relação com a centro-esquerda e com seu partido, que terá de evitar uma
fuga de votos para a direita.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário