Apesar da radicalização da disputa política, a confiança dos brasileiros na democracia nunca foi tão grande
Os brasileiros irão às urnas neste domingo (7) confiantes na democracia que construíram nas três décadas que se seguiram ao ocaso da ditadura militar. Segundo o Datafolha, 69% acham que essa é a melhor forma de governar o país.
A população nunca expressou tanto apreço pelas regras do jogo democrático como agora. Em 1989, quando o Brasil votou para presidente pela primeira vez após o fim do regime autoritário, somente 43% dos eleitores pensavam assim.
Apesar da tensão com o acirramento da disputa política nos últimos dias, o país parece convicto de que realizará sua oitava eleição presidencial seguida em ambiente de plena normalidade democrática.
Estão inscritos 147 milhões de eleitores, o dobro do que havia quando a democracia foi restaurada. Eles são mais instruídos e experientes —portanto, mais capacitados para fazer boas escolhas.
Quem vence governa, quem perde vai para a oposição e tenta de novo depois. Mecanismos de contenção dos abusos de poder funcionam com vigor e independência.
Dois presidentes escolhidos pelo voto popular nesse período foram afastados do cargo antes de concluir seus mandatos, mas nos dois casos a medida drástica foi tomada sem virada de mesa, de acordo com o rito fixado pela Constituição e sob vigilância do Judiciário.
A competição política é intensa em todo o país, com milhares de candidatos em busca de votos, patrocinados por dezenas de partidos. A imprensa é livre e submete o processo a escrutínio constante.
O líder da corrida presidencial, Jair Bolsonaro (PSL), foi esfaqueado por um opositor quando atravessava a multidão em Juiz de Fora, mas o ato hediondo felizmente não causou mais violência. Investigações indicaram uma ação isolada, e não houve revide.
O capitão reformado lançou suspeitas sobre a segurança do sistema eletrônico de votação, mas suas declarações inconsequentes não produziram efeitos até agora —e foram rebatidas de pronto pelas autoridades encarregadas de zelar pela lisura do processo eleitoral.
As pesquisas mais recentes apontam como cenário mais provável para a disputa presidencial a realização de um segundo turno com os dois mais votados neste domingo.
Uma nova rodada será oportunidade valiosa para que Bolsonaro e o petista Fernando Haddad, apontado pelos institutos de pesquisas como seu adversário mais provável, confrontem programas e se exponham a exame mais rigoroso.
Será também o momento de cobrar dos finalistas comprometimento convincente com o arranjo institucional que sustenta a democracia brasileira, o que exigirá o respeito aos resultados do pleito e o compromisso do vencedor de que agirá para pacificar o país, e não para aprofundar suas divisões.
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