O Estado de S. Paulo
Com dossiês e chantagens, os
golpistas querem o Brasil refém de Donald Trump
O nosso Brasil, tão varonil,
está se tornando refém da aliança Bolsonaro-Trump, que ataca e chantageia o
Supremo, tenta controlar o Congresso, desqualifica a mídia, captura corações e
almas na sociedade e joga o setor privado contra a parede, com o intuito cada
vez mais claro de não só livrar Jair Bolsonaro da cadeia, mas de isolar o
governo Lula e dominar o País em 2026. É um projeto muito mais ameaçador do que
parece a olho nu.
Depois da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes, promoveram ataques coordenados a ministros do Supremo: um post ultrajante e sem precedentes da embaixada americana sobre “monitoramento” de quem apoia Moraes e um vídeo indecente de Eduardo Bolsonaro citando Gilmar Mendes e Cristiano Zanin. A intenção é deixar no ar a existência de dossiês para amedrontar o STF.
Instituições, mídia e
especialistas têm de evitar repetir os sucessivos erros de não dimensionar
corretamente o fenômeno Jair Bolsonaro em 2018: a vantagem bolsonarista na
disseminação de fake news e mobilização da opinião pública pela internet; a
cooptação de militares para um golpe de Estado; o armamento da população civil;
o próprio 8/1. E, depois de tudo, a capacidade de articulação de Eduardo
Bolsonaro nos EUA.
Os sinais de alerta
falharam. Só nas eleições de 2022 a resistência se uniu em torno do que havia à
disposição e só após o 8/1 começaram, de fato, o cerco e o isolamento de
indivíduos e grupos articulados para um golpe no Brasil. Um dado perverso é
que, apesar das evidências e provas, milhões ainda negam esse risco e aderem a
Trump, sem entender que não há “caça às bruxas”, há caça a golpistas e a
traidores da Pátria.
Quanto mais próxima a
provável condenação de Bolsonaro, almirante e generais, mais Trump ameaça o
Brasil e mais os Bolsonaro ecoam essas ameaças: dossiês contra ministros do STF
e suas famílias, Seção 301 e comércio com a Rússia após tarifaço, pressões e
humilhações contra os presidentes da Câmara e do Senado, jogo combinado com
grupos internacionais com dinheiro e influência no Brasil.
O presidente Lula reage ao
tsunami com palavrório, palanques diários, promessas para bolsões do eleitorado
e telefonemas para Índia, México, França. As Forças Armadas estão caladas. O
Itamaraty enfrenta posts mal-educados e portas fechadas em Washington. Os
setores privados estão no modo “salvese quem puder”. Os setores de inteligência
do País, funcionam? De que lado?
Criticar e exigir limites a
Alexandre de Moraes é parte da democracia, mas sem esquecer que o Supremo é
nossa principal fortaleza. Se o STF se render às chantagens, o que sobra?
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