terça-feira, 26 de agosto de 2025

Os inconformados se mudam, por Dora Kramer

Folha de S. Paulo

Se abandonarem a CPI mista do INSS, governistas entregarão o governo às fabulações bolsonaristas

Senadores experientes estão inconformados com a rasteira da oposição na perda do comando da CPI mista do INSS e por isso querem deixar a comissão.

Demonstram aí que não sabem brincar e, assim, não deveriam descer ao play, como reza um dito para mau perdedor. O governo está mal-arranjado com aliados desse tipo, que o deixam na mão na hora da adversidade.

Não querem compactuar com o que veem como jogo de cartas marcadas para atribuir ao Planalto a responsabilidade pelas fraudes. Esta, realmente, é a ideia dos oposicionistas, que se ficarem livres para agir alcançarão o intento.

Pelo jeito, os senadores desistentes optaram por deixá-los produzir um espetáculo em que importam mais as versões do que os fatos a serem investigados, certamente contando com a desmoralização dos trabalhos circenses.

Poderia até dar certo, caso houvesse algum tipo de preocupação com o dano de reputações. Gente que ocupa os plenários, se acorrenta à Mesa do Senado e impede o presidente da Câmara dos Deputados de assumir sua cadeira não está exatamente ligada na preservação de imagem.

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Esse pessoal não quer explicar o que aconteceu, vai à CMPI para confundir. E se é confusão que querem, confusão é o que conseguirão fazer na cabeça das pessoas que ainda não entenderam o que aconteceu nas entranhas do INSS: quem roubou, quem deixou roubar e para onde foi o dinheiro.

Familiarizados que estão com as manhas do regimento e conhecedores da inaptidão dos articuladores governistas, os senadores não deveriam se surpreender nem se irritar por receio de se queimar.

Se realmente abandonarem a comissão, deixarão o Planalto à matroca e o presidente Lula (PT) sujeito a toda sorte de manobras na condução dos depoimentos.

Ficando, dariam uma chance ao governo. Senão de livrar-se da responsabilidade que têm por ter fechado olhos ao conluio fraudulento da Previdência com organizações mal-intencionadas, ao menos de se defenderem de fabulações destinadas a inocentar os parceiros no delito.

 

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