Mais atual, impossível.
É preciso que uma contra-elite se imponha
sobre a cena social. Uma contra-elite cultural que passe uma aliança com os
setores populares, que necessitam, por seu turno, se apresentar de forma
organizada sobre o tabuleiro nacional.
Vale dizer, o mundo está em grande
transformação e o Brasil sem projeto de nação, completamente desorientado. Mas
nem sempre foi assim: aí estão o Plano de Metas, as Reformas de Base e o Plano
Real para provar. Hoje, os governos que vêm se sucedendo no país se limitam a
tocar a máquina burocrática e olhe lá. A questão ambiental, o novo mundo do
trabalho, a própria Democracia e a identidade brasileira, que passa pela
Educação e a Cultura, nada disso parece estar em pauta. É um salve-se quem
puder imediatista e medíocre. Por momentos, o país parece estar completamente entregue
a uma certa morbidez e a parte mais visível disso talvez seja dada pela
insegurança que reina em nossas cidades e também pela malversação dos recursos
públicos. Há um desmoronamento em marcha e só não vê quem não quer.
Ao que tudo indica, estamos perdendo o trem
da História, metidos até o pescoço em um ambiente pautado por polarizações que
nos conduzem a um beco sem saída.
Um país que legou para nós as experiências
libertárias da República Cristã dos Guarani e do Quilombo dos Palmares, que
vivenciou a Conjuração Mineira e os embates pela Independência, que gestou o
movimento Farroupilha e a Cabanagem, ou ainda promoveu a bela campanha pela
Abolição da Escravatura, e isso para não aludir aos músicos reunidos em torno
da Casa da Tia Ciata e da Escola de Samba Deixa Falar, assim como aos militares
da Coluna Prestes e aos artistas da Semana de Arte Moderna de 1922, sem
esquecer jamais dos aguerridos militantes do Partido Comunista Brasileiro
e todos os que integraram a valorosa Campanha do Petróleo é Nosso e as
lutas pelas Reformas de Base e pela redemocratização, um país com essas
tradições, nunca é demais lembrar, precisa reagir e romper com esse estado de
coisas.
Ainda que a História nunca se dê em linha
reta, faz-se necessário retomar o fio da meada, desatando os pontos de
estrangulamento que ameaçam nos inviabilizar enquanto nação. Partidos políticos
situados no Campo Democrático, confederações sindicais, conselhos
profissionais, organizações e entidades da sociedade civil, ONGs, intelectuais:
é preciso promover um grande encontro nacional.
Antes que seja tarde.
*Ivan Alves filho, historiador

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