domingo, 16 de agosto de 2009

No Rio, alas resistem a aliança com Dilma

Luciana Nunes Leal, Rio
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Apoio de Sérgio Cabral a petista não convence partido

O entusiasmo do governador Sérgio Cabral no apoio à candidatura de Dilma Rousseff para a Presidência da República - reiterado a cada visita da ministra ao Estado - não contagiou o PMDB do Rio. O partido não se entende. Nem a ala mais próxima do governador garante apoio incondicional à candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É uma resposta à insistência do petista Lindberg Farias, prefeito de Nova Iguaçu (Baixada Fluminense), em lançar sua candidatura ao governo, como adversário de Cabral, que tentará a reeleição.

Candidato ao Senado na chapa de Cabral e aliado do governador especialmente na articulação com parlamentares e prefeitos do interior, o peemedebista Jorge Picciani, presidente da Assembleia Legislativa, diz que "o quadro nacional é muito complexo e passa pelo PMDB do Rio".
"Em primeiro lugar, defendo o que é bom para o meu partido", diz Picciani. "O governador Cabral vai continuar a defender a aliança com o presidente Lula, com a ministra Dilma. Já eu não posso dar a mesma garantia. Se o PT insistir em esticar a corda e disputar o governo, não sei se o PMDB do Rio vai defender candidatura própria (a presidente), se vai querer ficar livre."

CONVENÇÃO

O presidente da Assembleia lembra que o Rio tem 84 dos 808 delegados na convenção nacional, o maior peso entre todos os Estados. Minas Gerais, onde PMDB e PT também estão em conflito, tem o segundo maior número de votos. As insatisfações estaduais e as divergências internas podem levar o partido a não formalizar a coligação com Dilma, o que impediria a indicação do candidato a vice e tiraria da candidata petista o tempo de TV do PMDB.

No Rio, boa parte dos deputados federais do partido não se alinha com Cabral e nem sequer fará a campanha da reeleição estadual. Há muitas reclamações de que o governador não dialoga com os parlamentares. "Eu não voto no Cabral", reclama o deputado Eduardo Cunha, candidato à reeleição. "Vou cuidar da minha vida e dar apoio à ministra Dilma, à candidatura da base aliada.
O Cabral não defende o partido no Rio. É um governo dos amigos dele, não é partidário."

Picciani minimiza as divergências e defende o governador. "O Cabral circula muito bem em todo o Estado. No final, as divergências diminuem e o partido se une. Vamos fazer uma aliança robusta em torno do governador", aposta.

Existe ainda no PMDB o grupo ligado ao ex-governador Anthony Garotinho, ex-presidente do partido no Rio e agora filiado ao PR. Por causa das regras da fidelidade partidária, continuam no PMDB sua mulher, a ex-governadora Rosinha, atual prefeita de Campos (Norte Fluminense), e sua filha Clarissa, vereadora pelo Rio. O deputado federal Geraldo Pudim obteve garantia da direção do PMDB que não perderá o mandato e deverá ingressar no PR. Garotinho também deverá ser candidato ao governo, formando o terceiro palanque de Dilma no Estado.

OPOSIÇÃO

Há vinte dias, durante uma viagem ao Rio, a ministra conversou com Cabral, Picciani e outros peemedebistas. O presidente da Assembleia aconselhou a ministra a não desprezar a movimentação política da oposição, que articula a candidatura do ex-prefeito Cesar Maia (DEM) ou do deputado Fernando Gabeira (PV) e um palanque para o tucano José Serra na disputa presidencial. Mostrou que Garotinho tem votos no eleitorado mais pobre e menos instruído, mas grande rejeição nas classes A e B. Por fim, disse que Lindberg, ao insistir na disputa com Cabral e nos benefícios do palanque triplo para a ministra no Rio, acaba favorecendo a oposição.

Lindberg tem apoio da maior parte do PT fluminense para sua candidatura. Promete atrair para Dilma o eleitor que rejeita o governador e o PMDB, especialmente depois da crise do Senado e das ações do senador Paulo Duque (PMDB-RJ), suplente do suplente de Sérgio Cabral, em defesa do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP). O PMDB ofereceu ao PT a outra vaga de candidato ao Senado na chapa de Cabral. Até agora, no entanto, o prefeito de Nova Iguaçu mantém a disposição de se candidatar ao governo.

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