quarta-feira, 22 de junho de 2011

Oposição questiona relação de Cabral com empresários

Eike Batista, que cedeu jatinho a governador, recebeu isenção fiscal do Estado

Político comemorava aniversário de dono da Delta, que possui R$ 1 bi em contratos fechados com o governo do Rio

Italo Nogueira e Marco Antônio Martins

RIO - Um grupo de cinco deputados estaduais vai pedir explicações ao governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), sobre os contratos do Estado com a Delta Engenharia e os benefícios fiscais dados ao grupo EBX, do empresário Eike Batista.

Na última sexta-feira, Cabral viajou ao sul da Bahia em jatinho emprestado por Eike. Foi comemorar o aniversário do empresário Fernando Cavendish, dono da Delta, que estava a bordo.

Os deputados, de oposição, querem apurar possível conflito de interesse entre a relação do governador com os dois empresários e os seus negócios no Estado.

Duas empresas do grupo EBX se beneficiaram de R$ 75 milhões em renúncia fiscal do governo do Estado, segundo informações da Secretaria de Fazenda em resposta a requerimento do deputado Marcelo Freixo (PSOL).

Os benefícios, concentrados nos anos de 2009 e 2010, incluem isenção de ICMS e diferimentos (adiamento do pagamento de tributos). Eike doou, como pessoa física, R$ 750 mil à campanha de Cabral ano passado.

Já a Delta tem quase R$ 1 bilhão em contratos com o governo do Estado, fechados entre 2006 e 2011. Dos 27 contratos, 18 foram firmados no ano passado.

A quantia não inclui as obras em que a Delta participa em consórcios, como o da reforma do Maracanã para a Copa de 2014, orçada também em R$ 1 bilhão.

ACIDENTE

A viagem tornou-se pública na sexta-feira, após acidente de helicóptero que causou a morte de sete pessoas que viajavam com o governador do Rio.

No helicóptero estava parte do grupo, que se deslocava de Porto Seguro para um resort em Trancoso, incluindo a namorada do filho de Cabral, Mariana Noleto, 20.

Devido ao acidente, Cabral se licenciou do cargo até o próximo domingo.

Ontem, a assessoria de Cabral informou que foi ele quem pediu o jatinho emprestado ao empresário.

O estatuto dos servidores do Rio diz que é proibido "exigir, solicitar ou receber vantagens de qualquer espécie em razão do cargo ou função, ou aceitar promessas de tais vantagens".

Os deputados estaduais que vão assinar o requerimento são, além de Marcelo Freixo, Janira Rocha (PSOL), Flávio Bolsonaro (PP), Clarissa Garotinho (PR) e Luiz Paulo Corrêa (PSDB).

O grupo reúne-se hoje para decidir quais explicações vão pedir via requerimentos.

OUTRO LADO

O governo do Estado afirmou que o pedido é democrático, mas não se pronunciou sobre contratos e benefícios aos empresários.

A Delta informou que todos os contratos são legais. Eike Batista afirmou que empresta o jato a quem quiser.

O deputado Marcelo Freixo disse que o requerimento conjunto busca evitar acusações de que algum deputado, isoladamente, queira se aproveitar do caso.

"A gente tem de respeitar esta dor [das mortes com o acidente]. Mas isso é um questão séria", afirmou.

O corpo de Jordana Kfuri, mulher do empresário Fernando Cavendish, foi localizado ontem. Era a última das sete vítimas do voo a ser localizada. Kfuri deve ser cremada na manhã de hoje, no Cemitério do Caju.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Um comentário:

VAGNER GOMES disse...

Eu não compreendo o motivo do PPS não está citado nessa reportagem. É oposição? Qual tipo de oposição? Considero que devemos pensar num Documento sobre o Balanço do Trabalho da Direção na Rede Estadual que questione esses "estranhos silêncios".
O Tema do XVI Congresso do PPS ("Unir a Esquerda Democrática...") deve ser uma ficção na cabeça de alguns dirigentes.
Vagner Gomes-PPS/Zona Oeste Carioca