Dias depois de a presidente Dilma Rousseff qualificar como "ridícula" a possibilidade do Brasil enfrentar um racionamento de energia, em mais uma das bravatas típicas da gestão petista, o apagão no setor elétrico está na ordem do dia. Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico mostram que os níveis dos reservatórios das hidrelétricas do Sistema Interligado Nacional são muito próximos aos registrados em 2000 e 2001, quando houve o racionamento. No domingo, por exemplo, os reservatórios estavam com 28,54% da capacidade nas bacias do Sudeste e do Centro-Oeste (regiões que produzem 70% da energia do país), ante 28,86% de dezembro. O índice atual é apenas meio ponto percentual acima da curva de aversão ao risco, de 28%. No fim de 2000, pouco antes do racionamento, o nível das bacias era praticamente igual ao registrado hoje. No Nordeste, o panorama não é menos preocupante. Os reservatórios da região fecharam 2012 em 32,2%, abaixo do limite mínimo de segurança para o abastecimento do mercado (34%).
A incompetência do governo do PT é tanta que, ironicamente, o crescimento raquítico do PIB em 2012, de 1%, fez com que a situação atual não fosse ainda mais grave. Se as previsões do ministro da Fazenda, Guido Mantega, tivessem se confirmado e a economia brasileira apresentasse expansão de 4%, o consumo da indústria seria bem mais expressivo e haveria um enorme risco de falta de energia imediatamente. Como o governo Dilma não tem capacidade gerencial para enfrentar o problema, o jeito é apelar a São Pedro, mesmo para aqueles que não acreditam em deuses e santos, e torcer para que as chuvas de verão deem uma ajudinha. Entretanto, a previsão para as próximas semanas não é alvissareira: o volume de água estimado para cair sobre os rios do Sudeste e do Centro-Oeste é de 72% da média histórica, com 57% para a região Norte e 31% no Nordeste.
A promessa da presidente de reduzir em 20% a tarifa de energia também não deve ser cumprida graças à inoperância do governo do PT. Segundo a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia (Abradee), em outubro e novembro o país gastou R$ 1,3 bilhão para manter a operação das térmicas, o que significa um impacto de 1% ao mês nas tarifas do consumidor. O acionamento das térmicas por um tempo maior poderá aumentar a conta de energia paga pelo cidadão em até 14%. Os brasileiros continuam pagando caro pela falta de planejamento dos governos Lula e Dilma, cujos resultados mais visíveis são o sucateamento da infraestrutura e os apagões em setores cruciais como o elétrico. Vale lembrar que, além da estagnação econômica na atual gestão, o Brasil cresceu menos do que poderia durante os oito anos sob Lula, com índices medíocres se comparados aos Brics e demais países da América do Sul. A exceção é 2010, quando o PIB teve forte expansão, mas em comparação a uma base deprimida, pois em 2009 houve retração em meio à crise financeira internacional.
Enquanto Dilma ironiza a hipótese de racionamento, a população se assusta. Se ainda não estamos completamente às escuras, é inegável que o Brasil vem sofrendo, há pelo menos uma década, com um escandaloso apagão de competência no governo federal.
Roberto Freire, deputado federal (SP) e presidente do PPS-Esquerda Democrática
Fonte: Brasil Econômico
Nenhum comentário:
Postar um comentário