Valor Econômico
Se Lula vencer, dará aumento real para o salário mínimo
A melhora da economia ainda pode embaralhar
a eleição, reduzindo a diferença entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva e o presidente Jair Bolsonaro. As perspectivas são de chegar ao segundo
turno com uma distância bem menor do que a atual, que já está em queda.
‘’A economia está tendo uma performance
impressionante, seja no aumento da arrecadação, seja na geração de empregos”,
comentou uma alta fonte do mercado financeiro.
A arrecadação federal vem batendo sucessivos recordes, chegando a R$ 1,292 trilhão no acumulado de janeiro a julho, cifra que representou um aumento real de 10,44% sobre igual período do ano passado. O ministro da Economia, Paulo Guedes aproveita a receita adicional para cortar impostos, o que é visto como medida eleitoreira.
O mercado de trabalho também tem
surpreendido. Dados do Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados) mostram que o emprego formal no Brasil tem apresentado saldo
positivo. Houve abertura líquida de 218.902 vagas com carteira assinada em
julho. Com isso, o saldo de contratações no acumulado em 2022 ficou positivo em
1.560.896 postos.
A questão agora, é acompanhar o
comportamento dos eleitores de Ciro Gomes, que está em terceiro lugar nas
pesquisas, com 7% das intenções de voto para ver se eles vão fazer o que
fizeram os eleitores de Geraldo Alckmin na eleição passada. Eles migraram para
os dois candidatos que polarizavam o pleito, Bolsonaro versus Fernando Haddad,
do PT, deixando Alckmin com apenas 4,76% dos votos. Pelos números, é possível
quitar a eleição no primeiro turno, mas é difícil isso acontecer.
O cenário provável é de uma disputa
aguerrida entre Lula e Bolsonaro, sendo que aquele que entrar no segundo turno
como preferencial vencerá as eleições, acredita a fonte.
“Aí entramos no problema relevante sobre
como será o governo de quem for eleito”, comenta. Ele entende que se for
Bolsonaro não haverá surpresas. A agenda econômica dele é conhecida. Vai
continuar contendo o gasto público, privatizar e prosseguir nas microrreformas
que vão melhorar a eficiência da economia.
“A agenda do Lula é diferente e começará
com um aumento real do salário mínimo, o que vai pressionar o déficit da
Previdência”, avalia.
O ajuste fiscal necessário é grande e outro
problema que se coloca é sobre o Congresso que será eleito em outubro próximo e
que ferramentas o presidente terá para ter maioria. O Ciro disse que se ganhar
vai aprovar no Congresso o que for de interesse comum e o que não for vai para
o plebiscito “Você acha que o Congresso vai autorizar plebiscitos?”, pergunta
um diretor de um grande banco.
A experiência recente não autoriza
devaneios. “Fernando Henrique Cardoso governou com uma coalizão (e ficou com a
suspeita de ter comprado votos para a aprovação da reeleição). José Dirceu
montou o mensalão, depois veio a cooptação e agora é a orçamentação.” O governo
de Bolsonaro entregou parte importante do Orçamento para os parlamentares do
Centrão em troca de apoio político.
“O funcionamento do nosso presidencialismo
é complicado, tem problema sério”, comenta esse diretor. “A polarização, aqui,
ficou de um jeito ruim: eu voto em A porque não quero B; e voto em B porque não
quero A.” Nos Estados Unidos, por exemplo, a polarização é entre democratas e
republicanos. Na Inglaterra, é entre conservadores e trabalhistas.
Se o presidente eleito der sinais claros,
poderá colher bons frutos. O sinal básico é o da racionalidade econômica, que
implica um governo comprometido com o ajuste das finanças públicas, para
permitir a queda da taxa de juros de forma sustentável; e deverá falar para o
mundo que, no Brasil, garantimos paz política e social. “O país tem condições
de ter um canteiro de obras maior do que o da China. Basta ter paz política e
social”, indica.
O investimento virá porque a pandemia e a
guerra mostraram o risco geopolítico de localização das fábricas. Além do que o
Brasil não é um país beligerante.
Outros eventos notáveis na economia,
segundo as fontes do setor privado, são: é a primeira vez nos últimos 40 anos
que a despesa pública como proporção do PIB cai entre o início e o fim do
governo. E o governo, durante quatro anos, não concedeu reajuste geral para o
funcionalismo. É verdade que a inflação ajudou na economia com salários, assim
como ajudou no aumento das receitas.
Outra questão que se coloca se refere à
redução de impostos. As reduções do Imposto de Importação e dos impostos
federais e do ICMS sobre combustíveis têm sido anunciadas como temporárias, mas
há a suspeita de que poderão ser definitivas.
Então Paulo Guedes é um bom ministro?
Pergunta feita às fontes consultadas: “Sob o ponto de vista fiscal, ele é sim
um bom ministro, que está fazendo o que é possível para conter a despesa”.
Outra resposta: “Ele conseguiu privatizar a Eletrobras no último ano do
governo. Isso não é pouca coisa e outro não teria conseguido!”.
Paulo Guedes é o grande fiador do governo e
“sua presença em um eventual segundo mandato de Bolsonaro é fundamental”,
avaliam fontes da área financeira.
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