Folha de S. Paulo
Tucanos perderam prefeitos e vereadores;
falta de contornos ideológicos pode ser uma razão
Em 2020, o PSDB elegeu 523 prefeitos em todo o país; hoje tem 310, uma queda de 41%. Em termos de vereança, a situação dos tucanos é só um pouco melhor. Antes da última janela que permite a legisladores eleitos pelo sistema proporcional trocar de legenda sem sofrer penalidade, o PSDB somava 55 vereadores nas 26 capitais de estados; hoje são 39, queda de 16%. Detalhe vexatório, os tucanos perderam todos os representantes que tinham na Câmara paulistana.
Mesmo considerando que no plano municipal é
frequentemente a política local e não a nacional que dá as cartas, não há como
deixar de notar a decadência do
PSDB. É especialmente notável o contraste com o pleito de 2016,
quando os tucanos, beneficiados pelas denúncias de corrupção contra o PT e pela recessão
de Dilma,
conquistaram 807 prefeituras, incluindo a de São Paulo, em que João Doria venceu
o então prefeito Fernando
Haddad já no primeiro turno.
O ocaso do PSDB ainda
precisa ser mais bem estudado por cientistas políticos. Minha hipótese é que os
tucanos, embora mantivessem uma fortaleza inexpugnável no estado de São Paulo,
eram principalmente uma agremiação federal, que disputava com o PT a hegemonia
em eleições presidenciais.
E pleitos majoritários juntam os eleitores que de fato acreditam no partido ou
no candidato com aqueles que o escolhem por julgá-lo o mal menor.
O PSDB, ao contrário do PT, não tinha muita
cara ideológica nem cultivou uma militância dedicada. Mostrava-se competitivo
porque era o ônibus no qual embarcavam todos aqueles que não queriam ver o PT
no comando. Funcionou bem até 2018, quando surgiu
Jair Bolsonaro, um candidato antipetista que veio com um discurso
extremista, mas capaz de mobilizar emoções políticas de uma forma que os
tucanos nunca quiseram ou nunca conseguiram. Some-se a isso os muitos erros
cometidos pelas lideranças do PSDB e o resultado foi o incrível encolhimento do
partido.
Um comentário:
Saudade daquela rivalidade,coxinha e mortadela,até porque eu gosto dos dois petiscos,no sentido real e político,FHC e Lula são equivalentes,adoro os dois.
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