Vinicius Torres Freire
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
Quase todo o desemprego de janeiro veio da Grande SP; Estado também pesa mais na redução do emprego formal
QUASE TODO o aumento do número de pessoas desocupadas em janeiro veio da Grande São Paulo. Trata-se dos dados do IBGE, divulgados na sexta-feira, que cobrem apenas as regiões metropolitanas paulista, de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio e Porto Alegre.
Em relação a janeiro de 2008, apenas São Paulo e Rio registraram aumento no número de desocupados. Foram 104 mil paulistas a mais em busca de emprego, e 15 mil cariocas. Mas a taxa de desemprego paulista foi a 9,4%; no Rio, a 6,6%. Entre as regiões metropolitanas pesquisadas, o desemprego em São Paulo só não é maior do que em Salvador.
Nos números do emprego registrado em carteira, os do Caged, o Estado de São Paulo não faz melhor figura. No Estado vivem cerca de 33%, um terço, dos empregados pela CLT. Mas, desde outubro, São Paulo contribuiu com mais de 40% da redução do número de empregos registrados em carteira (798 mil, no total), segundo dados do Ministério do Trabalho, que cobrem todo o país.
O salto da taxa de desemprego também foi maior na região metropolitana de São Paulo (segundo dados do IBGE). Na virada de dezembro para janeiro, a taxa de desemprego no Brasil costuma aumentar, todos os anos. Em pontos percentuais, essa alta típica da desocupação foi, neste ano em São Paulo, quatro vezes aquela registrada na virada de dezembro para janeiro de 2008. Apenas em Recife se viu tal incremento, mas o dado não é tão significativo como o de São Paulo.
Nos números do IBGE sobre emprego não aparecerão os 4.200 demitidos da Embraer, a maioria deles moradora de São José dos Campos e arredores. Nem os demitidos da indústria da cana e associadas, todas no interior do Estado. Ou da construção civil e do comércio do rico interior paulista (note-se, de passagem, que o IBGE não tem uma pesquisa nacional de emprego porque não dispõe de recursos para fazê-lo). Mas, a julgar pelos números do Caged, do Ministério do Trabalho, já em janeiro o interior de São Paulo passou a demitir mais empregados com registro em carteira do que a região metropolitana, tanto em números absolutos como relativos.O peso da indústria de transformação na economia do Estado deve explicar boa parte do drama paulista. As montadoras, a indústria de peças, as metalúrgicas, a indústria de máquinas estão demitindo pessoas com salários bem maiores que os da média nacional e mesmo paulista, arrastando empregos no comércio e, daqui a pouco, nos serviços.
São Paulo sofreu, de modo adiantado, o impacto que as crises costumam ter no emprego, efeito que em geral leva alguns meses para se manifestar. A catastrófica queda na indústria no final de 2008, coisa rara de ver até na volátil economia brasileira, produz em São Paulo uma prévia desafortunada da recessão.
O desemprego realimenta a crise. Deprime o ânimo dos empregados-consumidores, obviamente evapora o consumo dos demitidos, rebaixa o salário dos novos contratados, inibe a empresa que pretendia investir, provoca mais inadimplência e, assim, afeta o crédito. Para recorrer à metáfora clichê, a gripe forte de dezembro começa a virar pneumonia. A hipótese de que o PIB não cresça nada em 2009 ficou mais verossímil.
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
Quase todo o desemprego de janeiro veio da Grande SP; Estado também pesa mais na redução do emprego formal
QUASE TODO o aumento do número de pessoas desocupadas em janeiro veio da Grande São Paulo. Trata-se dos dados do IBGE, divulgados na sexta-feira, que cobrem apenas as regiões metropolitanas paulista, de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio e Porto Alegre.
Em relação a janeiro de 2008, apenas São Paulo e Rio registraram aumento no número de desocupados. Foram 104 mil paulistas a mais em busca de emprego, e 15 mil cariocas. Mas a taxa de desemprego paulista foi a 9,4%; no Rio, a 6,6%. Entre as regiões metropolitanas pesquisadas, o desemprego em São Paulo só não é maior do que em Salvador.
Nos números do emprego registrado em carteira, os do Caged, o Estado de São Paulo não faz melhor figura. No Estado vivem cerca de 33%, um terço, dos empregados pela CLT. Mas, desde outubro, São Paulo contribuiu com mais de 40% da redução do número de empregos registrados em carteira (798 mil, no total), segundo dados do Ministério do Trabalho, que cobrem todo o país.
O salto da taxa de desemprego também foi maior na região metropolitana de São Paulo (segundo dados do IBGE). Na virada de dezembro para janeiro, a taxa de desemprego no Brasil costuma aumentar, todos os anos. Em pontos percentuais, essa alta típica da desocupação foi, neste ano em São Paulo, quatro vezes aquela registrada na virada de dezembro para janeiro de 2008. Apenas em Recife se viu tal incremento, mas o dado não é tão significativo como o de São Paulo.
Nos números do IBGE sobre emprego não aparecerão os 4.200 demitidos da Embraer, a maioria deles moradora de São José dos Campos e arredores. Nem os demitidos da indústria da cana e associadas, todas no interior do Estado. Ou da construção civil e do comércio do rico interior paulista (note-se, de passagem, que o IBGE não tem uma pesquisa nacional de emprego porque não dispõe de recursos para fazê-lo). Mas, a julgar pelos números do Caged, do Ministério do Trabalho, já em janeiro o interior de São Paulo passou a demitir mais empregados com registro em carteira do que a região metropolitana, tanto em números absolutos como relativos.O peso da indústria de transformação na economia do Estado deve explicar boa parte do drama paulista. As montadoras, a indústria de peças, as metalúrgicas, a indústria de máquinas estão demitindo pessoas com salários bem maiores que os da média nacional e mesmo paulista, arrastando empregos no comércio e, daqui a pouco, nos serviços.
São Paulo sofreu, de modo adiantado, o impacto que as crises costumam ter no emprego, efeito que em geral leva alguns meses para se manifestar. A catastrófica queda na indústria no final de 2008, coisa rara de ver até na volátil economia brasileira, produz em São Paulo uma prévia desafortunada da recessão.
O desemprego realimenta a crise. Deprime o ânimo dos empregados-consumidores, obviamente evapora o consumo dos demitidos, rebaixa o salário dos novos contratados, inibe a empresa que pretendia investir, provoca mais inadimplência e, assim, afeta o crédito. Para recorrer à metáfora clichê, a gripe forte de dezembro começa a virar pneumonia. A hipótese de que o PIB não cresça nada em 2009 ficou mais verossímil.
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