ENTREVISTA
Alberto Goldman. Governador de São Paulo
Do grupo de Serra, governador contraria tese de Aécio por uma agenda consensual pela aprovação de reformas
Eduardo Reina
Ao contrário do que disse o ex-governador de Minas Gerais e senador eleito Aécio Neves, o governador de São Paulo, Alberto Goldman, do grupo político de José Serra, disse ontem que o PSDB vai ser oposição ao governo Dilma Rousseff e só as matérias de interesse da população terão os votos tucanos no Congresso Nacional. "Não tem coalizão. Oposição é para fazer oposição", disse ontem em entrevista ao Estado. "(A oposição precisa) se opor com toda combatividade. Não é fazer de conta. Não é meio termo."
Já Aécio defende a construção de uma agenda pela aprovação das reformas políticas e tributária e a participação dos governadores do PSDB num projeto de poder.
O governador paulista quer um PSDB nacional mais forte, e admite fragilidade ao lidar com o segmento mais popular da sociedade. Afirmou que o grupo paulista e o mineiro estão em pé de igualdade, pois elegeram o governador e um senador cada. Disse ainda que a legenda em São Paulo não perde espaço e nacionalmente está mais forte do que nunca.
Como será a oposição no terceiro governo seguido do PT. Será mais forte, mais fraca?
Oposição tem de fazer o papel de oposição. Quem perde a eleição fica fora do governo, analisa o governo. Nós não temos nada a ver com o passado velho, do velho PT contra tudo e contra todos. Podia ser a melhor coisa ou a pior coisa para o povo que eles iam ser contra. Vamos fazer diferente. Não pensamos assim. Fui líder e vice-líder da oposição no primeiro governo Lula na Câmara. E teve várias matérias que ajudamos o governo a aprovar. Matéria muito específica sobre legislação de florestas. Que tinha a (ex-ministra do Meio Ambiente e ex-candidata do PV) Marina, ela se empenhou muito para fazer. Eu que ajudei a provar. Eram matérias que a gente achava corretas. Aquilo que a gente acha que não está correto tem de se opor mesmo. Se opor com toda combatividade. Não é fazer de conta. Não é meio termo.
Essa responsabilidade da oposição pode facilitar uma coalizão com o governo federal?
Não tem nada de coalizão. Oposição é para fazer oposição. O povo determinou que você fizesse oposição, que não fosse governo. Isso não significa que o povo quer que a gente aja ao contrário dos interesses do País.
O PSDB de São Paulo sai enfraquecido desse pleito?
Não. Há um certo tempo o PSDB de São Paulo não elegia um senador. Agora elegeu um senador, elegeu o governador. Teve maioria dos votos para a Presidência da República em São Paulo. Aqui ganhamos todas. O que vamos querer mais? Em São Paulo fizemos toda a lição de casa.
Mesmo com Aécio Neves despontando como nome forte do PSDB para 2014?
O PSDB de São Paulo ganhou a eleição nos dois níveis (para o governo do Estado e para o Senado). O PSDB de Minas ganhou a eleição nos dois níveis. Como aqui, Minas ganhou o governo do Estado e fez um senador. E na coligação fez outro senador, que foi o Itamar Franco. O governo de Minas também saiu vitorioso. O PSDB do Paraná também saiu vitorioso. Se você começar a diferenciar por Estado, você não chega a lugar nenhum. Aqui é um País. Um País único. O partido é nacional. Tem mais força aqui, menos força ali por questões regionais. Mas é um partido nacional. O PSDB tem hoje sua maior força, é verdade, nas áreas de concentração onde você tem o maior volume de pessoas. Somos majoritários em quase 60% do eleitorado nacional. Fomos majoritários na maioria das capitais. De 27 capitais elegemos 14. Elegemos todas as capitais do Sudeste e do Sul, menos o Rio de Janeiro. Temos presença forte no PIB nacional. Ganhamos as eleições nos Estados que representam 60% do PIB nacional. É um partido forte.
Há fragilidades, onde?
Sim, ele tem suas fragilidades. Tem áreas onde é muito frágil, como junto às pessoas mais simples, mais humildes e carentes. Nós perdemos (a eleição) onde vivem as pessoas mais humildes.
Política e cultura, segundo uma opção democrática, constitucionalista, reformista, plural.
sábado, 6 de novembro de 2010
Alberto Goldman: 'Oposição é para fazer oposição'
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